O início é sempre agreste; não há como evitar a sensação de que estamos esburacados. Alguma coisa muito grande foi arrancada, porque os vazios são imensos e irrevogáveis.
Volvido um tempo, as ausências passam a ser geridas como definitivas: é assim e pronto, não vale a pena bater mais no ceguinho. Não é que alguma coisa esteja lá para as cobrir; nada as faz desaparecer... é como pertencer a lado nenhum, a memórias nenhumas; a ninguém.
Mas depois
muito lentamente
mesmo devagarinho, sem se dar por nada,
Os mimos inusitados
têm um sabor diferente; mesmo quando não se destinam a nós.
E, de repente, até há coisas meio parecidas àquelas da nossa terra...
As rotinas aprofundam-se, os caminhos decoram-se, as paisagens entranham-se nos olhos, nos poros...
Não é uma substituição;
não é uma habituação.
É um amor novo, a rodear os vazios com delícias,
pequenas gratidões a nutrir um coração escavachado pela saudade.
Esse processo que é a Imigração.
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