quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Capela do sítio mágico


Voltei para casa já há três dias e ainda não consegui escrever uma única linha sobre as duas semanas que me reanimaram o coração.
Não descrevi as amizades reencontradas, as amizades iniciadas, as flores, o vento, o mar, as crianças, os sorrisos, os trabalhos, as lições de vida, as lágrimas, os abraços, as partilhas, o nariz entupido, a rouquidão, as gripes com febre, os baloiços, as fotografias, as cartas, a sueca e a bisca, a casa Teninson, as mãos dadas, as lamexices, os ensaios, as idas às piscinas, as tentativas frustradas de mergulhar em águas revoltas, as grande conversas, as conversas que se queriam grandes mas eram sempre interrompidas, os chocolates, os (muitos!) gelados, os presentes, as gargalhadas, o stress das ‘noites de gala’, os rascunhos, os seminários, os desabafos, os debates (dentro e fora de salas), o sono, o chouriço, a queima do chouriço que não se realizou, a lua, a tão bela lua, o frio da noite, o orvalho respirado à janela quando se acordava cedo, os banhos de água gélida a altas horas da noite (ou então bem cedinho pela manhã), o cuidar de quem gostamos, os filmes, o (tão treinado) inglês, a ‘Quinta’, o vólei, as corridas e parvoíces, as conversas intensas e longas com o Big Boss (como diz a Olga), aquele sentimento de identificação plena com um ser nunca antes visto, o aperto de mão à chegada e o abraço de não querer largar à partida, o ‘prometes?!’ mil e uma vezes repetido, os convites, a troca de contactos, a força, o reerguer do corpo e da alma, as saudades, os longos passeios na areia, as meias partilhadas, os ralhetes, os jogos de damas e de dominó, as conchas, as pedras, as músicas, os tics, o bem-estar geral, a cumplicidade que, de tão grande que era, até se podia respirar, os cadernos, os livros, O Livro, a erva, a caruma, as formigas e moscas, os bichos enormes e com antenas, o telemóvel sem bateria, a dor de querer estar perto e estar longe, o despender de dinheiro apenas porque se gosta, as surpresas com a variante de balde de água fria, o aprender mais do outro, o compreender, o aceitar e amar mesmo assim, os amigos, as amigas, as manas, a imensidão de amor que ali existe, as conquistas, as batalhas, os medos vencidos, os cultos, o louvor, a paragem para beber água, o repousar de tanto se estar cansado, as cantorias, as guitarradas, o pôr do sol, o jantar à luz do pôr do sol, o tacto, a euforia, a expectativa, as histórias, as piadas ...

E tantas , mas tantas outras coisas.
Não encontro uma única palavra para descrever quão magníficas foram estas semanas.
Não obstante as saudades que já sentia pelos que cá deixei, o sentimento que em mim se instalou dividia-me de tal forma que o querer ficar se transformou no querer partir, ainda mais quando vi cada par de olhos marejados de lágrimas pela saudade que já se sentia naquele adeus.

Agora, estou aqui sentada, impaciente por alcançar a liberdade e os meios para me meter num qualquer comboio e partir ao encontro de todos aqueles que agora caminham a meu lado, ou pelo menos caminharam durante uma semana ou duas.

Vocês que deixaram aquela marca em mim, sabem bem quem são.
Aqueles que deixei e aqueles para quem voltei.
O certo é que no meu coração cabem todinhos.

(Quanta lamexice !)



Um Beijo

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