segunda-feira, 30 de novembro de 2009

“Então não falas, recordas só…”(*)

Então é isto, a dilaceração. O coração esventrado de saudades, os marcadores somáticos activando sinapses, por tudo e por nada; constantemente acordados. Já não falo, de quando em vez escrevo. Recordo, incessantemente. E, sobretudo, espero.

Sobre todas as coisas, como sempre, a espera impacientada de regressar, “beim rápido”.


(*) Leguminosa

domingo, 29 de novembro de 2009

Histórias bonifácias (2)

Agora somos cronistas. Das horas que passam, pesadas; dos dias que ainda não correram, velozes. Somos cronistas do estado da nação a que nos confinamos vezes sem conta, essa polémica anarquia de latitudes longitudinais, esse ponto do tempo em que a cumplicidade se desdobra, múltipla de si mesma. Agora somos cronistas cibernéticos, quando não o podemos ser numa roda acesa de partilhas fisicamente presentes. Agora gravamo-nos, guardamo-nos, trocamos letras soltas e descodificadas dos seus zeros e uns originais.

E assim vamos crescendo, despreocupados. O âmago do que agora existe não precisa de explicações maiores. Somos, ponto final.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"Vem brincar, traz um amigo teu!"

Em casa da vovó Anita não falhava: depois do leite e ainda com algumas bolachas Maria na mão, em cima do grosso cobertor de retalhos que fazia as vezes de tapete, sentavam-se todos, netos e netos-emprestados, a ver o Poupas Amarelo e a não imitar o Monstro das Bolachas (apesar de nos apetecer muito).

Se pudesse escolher, era criança para sempre.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ella canta:

“I want something to live for”

(é engraçado…) É o que toda a gente quer. Toda a gente quer algo pelo qual viver. E fazem por dizê-lo, fazem por fazê-lo saber.

Há uns (quantos, muitos) que acham que descobrem. Escrevem livros sobre isso, escrevem músicas. Dizem coisas que parecem insuflar o ser, uma lufada de inspiração. São citados, são pensados como acertados. Dizem que sim, que é isto a vida, que é este o motivo pelo qual vale a pena existir. O estatuto, os cifrões, os monopólios, o poder, o reconhecimento, a bondade, a diferença. O divertimento, o sucesso, o isto e o aquilo, a experiência, a maturidade, a transcendência da alma… a assertividade, a coerência, a teoria da batata e do feijão verde. A China e o Japão (como eu sempre digo), só porque sim.

Porque eu mando, porque eu sei, porque eu decidi assim; porque eu escolhi, porque possivelmente tudo é relativo (e não necessariamente por esta ordem).

(suspiro)

Será que ainda não perceberam?


(Rabi, eu sinto um enésimo da Tua decepção)