sábado, 20 de julho de 2013

Provérbios 18.24



“In friendship...we think we have chosen our peers. In reality a few years' difference in the dates of our births, a few more miles between certain houses, the choice of one university instead of another...the accident of a topic being raised or not raised at a first meeting--any of these chances might have kept us apart. But, for a Christian, there are, strictly speaking no chances. A secret master of ceremonies has been at work. Christ, who said to the disciples, "Ye have not chosen me, but I have chosen you," can truly say to every group of Christian friends, "Ye have not chosen one another but I have chosen you for one another." The friendship is not a reward for our discriminating and good taste in finding one another out. It is the instrument by which God reveals to each of us the beauties of others.” 

― C.S. Lewis, The Four Loves

Custa-me escrever sobre elas sem chorar. Para mim, a forma como estas mulheres têm sido usadas para me incitar a glorificá-Lo em tudo o que faço é impressionante. Eu não mereço tantas bênçãos, tanta graça.

Jesus, obrigada!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Estação terminal (2)

Há várias coisas no meu trabalho que, nos primeiros tempos, me incomodavam solenemente, e que agora são, provavelmente, as minhas favoritas. Uma delas é o relatório que recebo assim que chego, logo à entrada de casa. Na grande maioria das vezes é a dona Z. que me abre a porta, recebendo-me com um (só um) beijinho de bom dia, seguido do estado da situação actual. Por exemplo:

"Bom dia Andreia, hoje o M. está um diabo!" (quer dizer que está farto de fazer birras)
"Olá Andreia, hoje o M. portou-se muito bem!" (quer dizer que esteve calmo e comeu o pequeno-almoço)
"Ó Andreia, os teus meninos hoje estão impossíveis!" (quer dizer que estão constantemente engalfinhados)
"Bom dia Andreia, ai tinhas de ver ontem o V. no baptizado!..." (se diz isto a sorrir, quer dizer que ele foi um príncipe; se me arregala muito os olhos, quer dizer que bateu em todos os meninos que encontrou)

E assim por diante.

Às vezes estou no elevador e já ouço a sua voz a chamar por mim, e isso faz-me sorrir automaticamente (é verdade, os milagres acontecem). Gosto particularmente quando ela usa a expressão "os teus meninos" ou "o teu menino". 

Nisso, particularmente, ela tem muita razão.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Lição

Céu, Póvoa de S. Cosme

Domingo passado estive à conversa com a M. durante um funeral. Eu e a M. não nos conhecemos muito bem, mas o facto de termos as duas cinco anos de idade fez com que surgisse entre nós uma estranha (e, no entanto, tão singela) empatia. Ela estava muito interessada em conversar sobre o que estava a suceder ali. "O que é que estamos aqui a fazer?". "Mas porquê?". "Porque é que o R. está tão triste?". "Porque é que não estamos a escavar?". "E tu, também tens saudades?". "Porque é que ele já não pode escrever cartas?". Etc, etc, etc. Tentei responder-lhe o melhor que pude, o melhor que soube, e ao fim de muitos minutos de inquirições em surdina, ficou satisfeita.

Trouxe aquela conversa comigo e contei-a, posteriormente, à S. (que também lá estava). A resposta que tive foi a seguinte: "Também lhe podias ter dito o resto - que um dia eles vão estar juntos no Céu." 

E eu fiquei a matutar naquilo.
Pois é, bem podia ter dito à M. o que a S. disse. Mas a M. não queria saber do futuro para nada. Ela só me questionava sobre o instante, o momento, o presente. O inquérito foi longo porque passaram muitos minutos, e a cada minuto surgia uma nova questão, relacionada com aquele minuto que tinha acabado de chegar. Esta lição, já tão antiga, começou a fazer-me mossa no início deste ano, com o Sermão do Monte (e Mateus 6.34 em especial). 
"Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal." (Mt 6.34)
Depois, perto da Páscoa, foram as "Screwtape Letters" do senhor Lewis a aprofundar esta verdade transformadora. 
"The humans live in time but our Enemy destines them to eternity. He therefore, I believe, wants them to attend chiefly to two things, to eternity itself, and to that point of time which they call the Present. For the Present is the point at which time touches eternity. Of the present moment, and of it only, humans have an experience analogous to the experience which our Enemy has of reality as a whole; in it alone freedom and actuality are offered them. He would therefore have them continually concerned either with eternity (which means being concerned with Him) or with the Present — either meditating on their eternal union with, or separation from, Himself, or else obeying the present voice of conscience, bearing the present cross, receiving the present grace, giving thanks for the present pleasure." (C. S. Lewis)  
(ler o resto deste excerto aqui)
E agora, esta pequena, com a sua inocência sábia que surge qual lembrete: "não te esqueças do que tens ouvido". A M. veio recordar-me desta poderosa e transformadora aprendizagem: preocupar-me, sim, com o Presente. Não me admira que eu seja incitada a ser como ela.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Estação terminal

Foi no quinto mês do ano passado que comecei uma inacreditável viagem pelo mundo da educação, uma que mudou todas as minhas concepções e sonhos acerca do assunto. Ingressei no admirável mundo das amas - essas pessoas que trocam de lugar com os pais durante o dia, dias a fio, para que eles possam sustentar as suas famílias e bens. Assim sendo, fiquei com a responsabilidade de cuidar holisticamente (?) do M. e do V., que na altura tinham pouco mais de um ano. 

Durante esta viagem vi paisagens diversas: houve meses de puro gozo, descoberta e dedicação. Houve períodos de total frustração e desespero. Também houve exaustão e grandes doses de impotência. Mas o que vi com mais frequência foi, sem dúvida, o facto de este trabalho (o de educar crianças) ser impossível de se fazer sozinho. 

Durante este ano e (quase) meio aprendi como não imaginava que fosse possível; sobre os miúdos, sobre as pessoas, sobre Deus, sobre o mundo, sobre mim. Fui agraciada, hora a hora, em tudo o que fiz e que me aconteceu. E descobri que, afinal, aqueles que me rodeiam tinham alguma razão quando brincavam, dizendo que eu vivia num mundo cor-de-rosa, "de cogumelos e príncipes", "de flores, corações e beijinhos". Fui feita em estilhaços, tive os tecidos da minha cosmovisão rasgados por completo, e a minha fé provada, por vezes, minuto a minuto.

Foi uma viagem e tanto, em que o Senhor me deixou completamente exposta a tudo, derramando sobre nós a Sua graça infinita, infindável, inexplicável. E agora que o fim se aproxima, seria de esperar um suspiro de alívio e um sorriso ante a liberdade... Em vez disso, as saudades apertam-me o âmago e espremem-me os olhos. Estranho trabalho este: só no fim é que  descubro que serei para sempre incompleta sem estas as pessoas que me consumiram o coração.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ajudas

Às vezes os quereres são difíceis de traduzir, então a negativa ajuda.


O que também ajuda (e muito) é ter a Aline Frazão a embalar os pensamentos e a fabricar novas memórias.

No final, porém, é o apóstolo que coloca as reflexões em ordem, apontando para a ajuda definitiva: submeter tudo ao Supremo Querer; e obedecer, ponto final.

sábado, 22 de junho de 2013

Mamã

Já há muitos anos que luto para encontrar palavras certeiras e suficientes para a enaltecer e lhe dedicar (e nunca chego a sentir-me satisfeita com o resultado). É uma pessoa que me impressiona constantemente. A minha mamã, mesmo antes de ser cristã, já tinha um coração compassivo e misericordioso como o de Jesus. Sempre me ensinou a ser humilde, sempre me aconselhou com sabedoria, sempre me ouviu, educou e amou de todo o coração. 

Trabalha com todas as forças que tem, e depois usa as que não tem. Entrega-se sem se deixar notar, cuida ao ponto de se esquecer de si. Hoje é o dia do seu aniversário, um dia de festa para todos os que a amam e por ela são acarinhados. Peço a Deus que a conduza ao centro da Sua vontade, como até aqui, que a conserve e nos dê a graça de a ter por perto por muitos anos. E espero vir a ter um coração como o dela: que perdoa sem guardar mágoa, que tem paciência mesmo nas tribulações, e que em tudo (mesmo tudo) dá graças.

Muitos parabéns Mamã! "Como agradecer a Jesus o que fez por mim?" 

domingo, 16 de junho de 2013

Travessias

"In Christ you are forgiven; you are clean. Your captivity has been replaced with a new identity. But if you are not in Christ, then this life is the closest to heaven that you’ll ever get.
If you are in Christ, then this life is the closest to hell you’ll ever get. So as Winston Churchill once said, 'If you’re going through hell, keep going.'"


Sobre a carta aos Colossenses e sobre as lutas destes meses (sobre a dificuldade que ainda tenho em recordar que, em Cristo, estou liberta dos meus erros e do meu ego...) há muito que escrever. Este é o primeiro rabisco, a primeira tentativa, em seis meses. (Haja graça para a expressão escrita!)

É um rabisco com palavras emprestadas e tradutoras, bem melhores que as que tenho no momento.
Bom domingo!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Irmãs


Um dos maiores motivos de acção de graças destes últimos tempos da minha existência são as minhas irmãs. Uma delas declarou, no início deste ano, que ia memorizar o Sermão do Monte na íntegra. A minha primeira reacção foi "também quero!"; é natural que nos sintamos entusiasmados por memorizar a Palavra de Deus, quando já pudemos experimentar anteriormente as delícias desse exercício, e quando temos o bónus de o fazer na companhia das pessoas do nosso coração. Até aqui já sabemos, de coração, Mateus 5.1-8. Hoje acrescentamos à colecção os versículos da imagem.

É uma bênção gigantesca ter irmãs apaixonadas pela Bíblia; a nossa vida muda de forma mesmo radical quando a Palavra de Deus é o centro das nossas conversas, pensamentos, respostas, dúvidas, discussões, e outras coisas que tais. A nossa vida muda de forma mesmo radical quando nem temos tempo de esquecer como é que Deus fala.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Do último fim-de-semana


Vou crescendo e aprendendo novos gostos. Mais do que aquela maneira maneira corriqueira de gostar (um achar graça despreocupado), mas um gostar subrepticiamente entranhado, como um hábito bom do qual já não me quero desvincular.

Vou crescendo e experimentando outras formas de vida, de companhia, de preocupações. Outros modelos de viver em família, em comunidade. Vou crescendo e construindo sonhos em mim, moldados por Deus, através de pessoas que não se coibem de me abrir a porta da sua intimidade.

Sou muito grata pela oportunidade de crescer assim, pela confiança que me é concedida para que tal suceda. Nada tomo por garantido, e agradeço muito. Vou crescendo e definindo mais e mais a casa que vai receber todos os sonhos e pessoas que armazeno em mim.

Queluz


Há dias em que é mais difícil ir trabalhar do que outros. Há dias em que a motivação é nula, os desafios parecem grandes demais e as dores que resultam do meu pecado custam desmedidamente a suportar. 

Mas depois cruzo a porta do prédio, sigo o carreiro breve e viro à esquerda.
Descer até à estação insufla a minha alma; é o Senhor que me inunda com as maravilhas da criação. Este céu, apesar de já ter estado pintado de muitas formas e feitios, é sempre surpreendentemente usado para me energizar e fazer crer que caminharei rumo a Ele, mais um dia.

O dia de hoje já findou, e eu descanso na certeza de que o amanhã trará outro quadro bonito, quer eu o veja, quer não. Descanso porque continuo a aprender: "Basta a cada dia o seu mal". 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Metereologia


O fim-de-semana foi, maioritariamente, de chuva e humidade; de tempo nublado. 
Mas hoje o sol brilha, radioso. Graças a Deus pela bênção de poder sentir e ver o sol brilhar, mesmo que ande com a vista turvada por outras águas.



Por aqui, a luta com Mateus 6.34 continua. Ou, como diria o Senhor Maravilha, "don't you worry 'bout a thing, mama!"


Stevie Wonder - Don't you worry 'bout a thing

Assim cantado parece mais fácil. E, entretanto, recordo sem cessar: "basta a cada dia o seu mal."

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Agora

Um dia, o meu tio D., tio das notas musicais e do conhecimento ímpar, deu-me a ouvir um álbum chamado "A traição de Wendy" (que já tive a oportunidade de mencionar aqui). Este álbum pertence a um senhor chamado Ismael Serrano, e é por ele que este blog se chama como se chama e eu me intitulo como me intitulo. 

O poema-inspiração desta janela azul chama-se "Agora", e num dos concertos do seu autor, como podem ouvir aqui, ele serve-o com a seguinte introdução:

"'Hoy es siempre todavía' (Antonio Machado).
Toda la vida es ahora.
Y ahora, ahora es el momento de cumplir las promesas que nos hicimos. 
Porque ayer no lo hicimos.
Porque mañana es tarde. 
Ahora."

Posto isto, cá estou a fazer o devido que é cumprir o prometido. 
Espero saber escrever todas as coisas maravilhosas que o Senhor me tem feito acontecer e ser. 
Escancaro a janela mais uma vez, e ponho-me a cantar. Por ora, ficamos assim.