quarta-feira, 30 de julho de 2008

Querida Piek,


Obrigada por me teres oferecido este lenço. Mal sabíamos, tu e eu, as reviravoltas que ele ia viver depois de mo dares. O dito cujo já tem tantas histórias para contar. Não fosses tu insistir, naquele dia, para que ficasse com ele, e o lenço não teria feito metade das viagens que fez, nem simbolizaria metade das coisas que agora simboliza.

Agradeço-te, querida Piek, de coração. O lenço que era teu passou a ser meu e agora faz parte de um “nós”. Referimo-nos a ele como sendo “o nosso”; é tão bom saborear este plural delicioso.




P.S. A fotografia é da prima Ana Carolina.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Já diziam os Pontos Negros (2)




E o coração bate com o sangue de outra pessoa,
E o coração bate com o sangue de outra pessooooa...



P.S. A Beatriz fez o desenho, eu tratei de fotografá-lo. Combina-se a Noite de Gala com o ketchup e dá nisto.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Voltei



A porta do carro fechou-se após a minha entrada, a chave rodou na ignição e a partida tomou o lugar da perfeição daquele tempo. Parti dali, regressei a casa. Entre sonos curtos e músicas que já conhecia desde a infância, os sorrisos que há tanto tempo não via, as vozes que há muito não ouvia, marcavam a sua presença em meu redor, como um longo cobertor feito de amor. Partia dali, regressava a casa. Lá fora, as relvas corriam contra o vento, as nuvens balançavam-se pelo tempo, as ventoinhas gigantes giravam preguiçosamente. Lá fora, o sol a brilhar não se cansava de me beijar a pele, de a escurecer mais um pouco.

Durante essa viagem iniciei a arrumação de todos os sentires acumulados em duas semanas molhadas de bênçãos. E organizava tudo metodicamente, a primeira semana, a segunda semana. Pensava eu ser capaz de tal tarefa depois de ter começado a partir e a regressar a casa. Mas não me foi possível, como já era esperado. Foram tantos sentimentos, tantas lágrimas carregadas de emoções díspares, foram tantos olhos a jorrar amor, tantos abraços, tanto de Deus… que comum ser humano poderia organizar tudo de forma tão metódica e certeira?... Não eu, de certeza. Naquele carro o meu peito ficava cada vez mais cheio de tudo o que tinha vivido. De como Ele se mostrou sempre tão presente em todas as fases, de como Ele foi a mão que encaminhou tudo, que nos guardou de tudo, que tocou em tantos corações. O meu peito inchava do calor Dele, que emanava segurança em tempos de incerteza, que transbordava de esperança para aqueles que outrora não viam mais que a morte. Toda eu, insuflada por um sentimento tão maior que o universo que nem sequer o consigo traduzir em letras combinadas, formando palavras belas.

Partia, regressava a casa. E comigo trazia os campistas de quem tomei conta, os conselheiros com quem partilhei dias, noites, risadas, orações, mãos, corações, tudo. Comigo trazia as memórias boas e as memórias menos boas, as primeiras pintavam os dias, as segundas faziam aprender mais. Comigo trouxe as diferenças de dois acampamentos, ao nível da idade, das pessoas, dos trabalhos, das dificuldades. Comigo sempre está aquele que une todas estas pontas desiguais. Deus. Sim, é Ele que reina, e faz do acampamento um lugar de reconhecimento, de transição, de crescimento, de bênçãos infinitas, de esforço, de lazer, de perfeição. Faço uma breve pausa para recuperar o fôlego, tenho o coração tão cheio, já tinha dito, não é?

Naquela viagem serena e de regresso tudo se consolidou num grande bloco de amor eterno, essa Rocha que nos sustenta a cada dia. Cheguei a casa. E em mim vinham todas estas coisas e mais uma. Vinhas tu. Foste, simultaneamente, o primeiro e o último a entrar em mim. E agora que estás aqui incrustado, não há como fazer o coração parar de pulsar muito rapidamente, não há como abater todas as certezas de que sou feita neste momento. É tão certo como ar que eu respiro. É tão certo como amanhã que se levanta. É tão certo que a Sua mão faz o impossível até sempre. É tudo tão certo.

Voltei.

P.S. Tireia a fotografia à casa que foi minha e de muitas. O Faroeste.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Hasta pronto ! (:

Caro leitor e/ou cara leitora:


Wendy e Mirza vêm por este meio despedir-se de vossas excelências e salvaguardar o seu regresso dentro de duas semanas. Estarão neste maravilhoso lugar em trabalhos, aprendizagens e crescimento constantes.


Um bem-haja, um até mais logo, e um beijinho*

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Música, como viver sem ela? (7)

Hoje só me apetecia ouvir esta. Dispensa quaisquer apresentações.



É como diz o autor do vídeo. Enjoy.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A derrota é como uma lente, ou como uns óculos graduados à medida...



Ouço o silêncio a rodear-me. Só o ramram da ventoinha e as teclas nos dedos é que ainda não pararam de se fazer ouvir. Sim, também o vento nas folhas e o canto nos pássaros se mantém audível, maravilhosamente audível. Mas aqui, sentada nesta cadeira com a luz da manhã, quase tarde, a entrar pela sala inteira, o silêncio rodeia-me, como um abraço longo, dizendo-me que oiça. Simplesmente.

Coloco-me, portanto, à escuta. A campainha. Não vou abrir. O autocarro. Não o vou apanhar. Vozes que ecoam no meu crânio, que falam de amor, de amigos, de planos, de sentidos, de direcções, de decisões, de ainda mais amor, falam, nunca se calam. Por enquanto, não lhes presto atenção. O silêncio continua instaurado, incita ao ouvido mais apurado. Então, escuto mais; ouço A voz.

(suspiro)

É A voz que me diz que nada do que eu penso estar correcto está correcto (quanta redundância), que me informa que mais vale deixar de lutar pelas minhas vontades e pressupostos alvos porque, a não ser que também Ele queira, nada se concretizará. É A voz, dizendo sempre o mesmo que eu nunca aprendo. Que a derrota é como uma lente, ou como uns óculos graduados à medida, que corrige a miopia dos meus planos pequenos e me faz olhar para cima, para novos horizontes, novos caminhos, novas pontes. É a derrota que me fecha a janela que eu queria trepar a todo o custo e abre a passagem secreta, que por acaso também é uma porta, para que eu vá pelo meu caminho. É verdade, disse-mo O que tudo sabe. Que esta derrota serve para apreender o verdadeiro preço, e para aprender a ver o verdadeiro alvo. E que, mais que tudo, ela alberga uma vitória, mesmo quando disso não se espera.

Os passos no corredor quebraram o abraço do silêncio, ou talvez ele próprio mostrou vontade de retirar de mim os seus braços, do seu abraço. Volto a ouvir o mundo inteiro, e apenas um pouquinho de silêncio, o suficiente para não me esquecer do que aprendi nele. Nessa derrota começou uma nova luta, que não se trava, com certeza, sentada impavidamente serena, numa cadeira.



P.S. Tirei a fotografia numa bela manhã de praia. Gosto tanto de olhar o céu assim, azul até ao fim, pintado de nuvens brancas.

domingo, 6 de julho de 2008

Estou na adolescência e nem sabia -.-'

Subitamente, é tudo coração. É tudo bombeamento sanguíneo, é tudo ritmo acelerado, tudo são faces afogueadas pelas lembranças assertivas, é tudo este estar incessantemente inquietante. De repente, o que antes era calmaria agora é tempestade, o que era certeza agora é novidade e a questão pertinente “porque não” é dúvida mais que constante.

E, inusitadamente, um mal-estar que afinal é nervoso instala-se no peito, munido de armas e bagagens, pronto para ficar. Era suposto sentir êxtase, sentir vida em mim, sentir um qualquer preenchimento que nem sei definir. Mas não. Sinto apenas o pânico de existir quem seja capaz de me destituir de uma boa parte de mim: do meu domínio, da minha (pseudo) segurança.

Nunca gostei, e continuo a não gostar, de me encontrar exposta. E não há posição mais vulnerável que esta em que me encontro. Aquela em que o que sinto toma contornos e o que tu sentes é uma nuvem muito, muito indistinta.

sábado, 5 de julho de 2008

Esta madrugada escrevi assim (3)


Parece que voltarei a passar muitas mais madrugadas a escrever assim. Porque, se continuas a insistir em permanecer aqui, sussurrando-me ao ouvido pensamentos distantes, implorando que de ti não me esqueça quando estou prestes a fazê-lo, relembrando o teu saborosamente contagiante riso… vou ter mesmo de (re)descrever sentimentos mal enterrados, passados que se queriam distantemente remotos e estados de alma deveras peculiares, aos quais já não me encontrava habituada.

(suspiro)

Parece que o coração quer dar um pulo ansioso para fora do peito.



P.S. Eu sei que não é do teu conhecimento, mas a fotografia está cortada e é desta Leguminosa.