segunda-feira, 27 de junho de 2011

"We'll see..."


Lembro-me muito bem da apreensão que me inundava no início deste final de licenciatura, do coração que pulsava tão descompassadamente e me deixava em claro, noite após noite. Lembro-me do medo, do grande e monstruoso medo de falhar e não conseguir completar aquilo a que me propus há três anos atrás. Lembro-me de ver as minhas colegas e amigas festejarem com fitas e capas este grande culminar, e de o não querer para mim, por não estar segura de poder fazê-lo. Lembro-me de lutar, literalmente, contra mim mesma durante os muitos dias de trabalhos e frequências, dos ralhetes (certeiros) que ouvi, dos tropeços perdoados e das ajudas preciosas, de me obrigar a sair de casa quando a única coisa que tinha vontade de fazer era desistir.

Lembro-me de tudo isso; e depois lembro-me de orar, muito, e de ir sabendo, aqui e ali, que os meus queridos também o faziam. E estou bem certa de que os resultados que agora surgem, as bênçãos que brotam nem sei bem porquê (!), são fruto desse batalhão que por mim muito intercedeu. Portanto, a vida tem sido isto: sentir-me cada vez mais esmagada pelo Seu poderio tremendo, pela Sua misericórdia e amor inexplicáveis; saber que todas aquelas horas de luta interior intensa valeram a pena - pois há um dia em que, subitamente, o comportamento se transforma naquilo que é desejável; e saber que, apesar ainda não ter lá chegado, vejo a meta mais próxima - e é isso que alenta este sprint final.

Há uma apreensão relativamente ao amanhã que se mantém. Agora, porém, faz-se acompanhar por uma confiança cega de que, de uma ou de outra forma, tudo estará bem quando acabar bem. É como canta a Luísa: "But I'm not there yet / but someday I'll be / and i'm not there yet / ...we'll see."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sono

Assim que crescer escreverei uma ode ao sono, esse bendito estado de placidez, de reposição de energias, de abandono temporário do mundo consciente. Sim, uma ode ao sono terá de estar, indubitavelmente, entre os meus escritos, privados ou públicos, dado que ele precisa de saber o quanto eu o preso, como gosto de lhe fazer a vontade, como o meu cérebro fica mais quente e mais lento quando a ele não me entrego, como o meu dia é (só) um bocadinho (de nada) mais triste se tenho de o carregar para trás e para diante.

Oh, meu querido sono! Para quando o nosso rendez-vous, sem quaisquer ansiedades ou preocupações; só nós? Perdoa-me, não conversemos agora que tenho muito que fazer.

Durmo depois.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

VIAGEM

É chegada a hora! Façamos as malas, empacotemos os pertences, enchamos a alma de ânimo e partamos!

Há inimigos para combater, um Reino pelo qual lutar, há tendas para montar em territórios por conhecer. É chegada a hora, partamos para o destino que nos foi prometido, sem medo e sem hesitação.

(O Verão inflama-me, e muito)

sábado, 18 de junho de 2011

Novo


A novidade tem um cheiro bom, uma cor bonita, um sabor em tudo viciante. Todo o novo mitiga o que já passou, e faz sonhar com futuros que se renovam, nunca se fazendo, portanto, velhos. A novidade, delícia, palpita no meio do estômago e acelera o correr do sangue pelo corpo inteiro. E essa energia constante não fatiga, antes sabe bem. Porém, uma coisa se desconhece acerca desta tão afamada: há que buscá-la. Há que buscá-la em todo o tempo, desenlear os segredos que fazem o que é novo ser assim tão especial.

“Ei ei ei novidadi! Ei ei ei ah

Ei ei ei novidadi, ye! Ei ei ei ah”

domingo, 12 de junho de 2011

Os dois

Fui separada à nascença da minha terra natal e de todas as delícias que lhe pertencem. As minhas tias ainda eram novas quando emigraram pela segunda vez, vi os meus primos crescer ao longe, assim como eles a mim. Quando entrei na idade dos verdadeiros melhores amigos eles eram sempre (e ainda são) de longe, tendo tido, por isso, o privilégio de arranjar grandes arrelias devido a contas de telefone dispendiosas e selos (muitos selos).

Como é que, então, ainda não me habituei às despedidas, às comunicações transatlânticas, a ter a minha vista longe dos meus? Como é que ainda não aprendi a criar imunidade à dor da falta, e como posso conceber estar em tantos países com tantas pessoas que amo ao mesmo tempo? Para disfarçar, vou sorrindo e limpando as lágrimas, ignorando o futuro custoso que a ausência trará e acenando, mais uma vez; sonhando com altos vôos e gritando um esperançoso "até breve" (aos pedaços de coração que embarcam para outras terras).

(suspiro)

Esta dicotomia - a nostalgia da saudade e a necessidade de voar para se fazer inteiro noutras paragens - só é passível de ser compreendida de duas formas: ou se é português, ou se é emigrante.

Eu sou os dois.