A roupa que se cola ao corpo ainda cheira a noite, o mesmo cheiro que tem a cama onde me deitei. E a mente, essa, nem sei a que cheira. Se cheira também a sesta, entorpecidamente congelada pela escuridão das pálpebras, ou se cheira a renovação, a iniciação, como eu tanto gostava que fosse.
Não é mais um dia. É o novo dia. Ninguém me garantiu ontem que fosse acordar hoje. Ninguém mo revelou, ninguém afiançou que a minha saúde ainda se encontraria intacta, a minha família ainda me acompanharia, ainda estivesse aqui o computador ligado à infinita rede que conecta toda a gente. Ninguém me assegurou que mais um dia se me apresentaria e, apesar disso, eu o tomei como garantido. Ontem ao deitar-me pensei neste hoje, que era amanhã, como se fosse apenas e só, mais um dia. É, sim, outro dia, o novo dia; tenho de me desabituar seriamente a tomar as dádivas como algo garantido. Porque, muito sinceramente, ninguém me garante que existirá amanhã, pelo menos para mim, porque o mundo, sem Andreia ou com Andreia, nunca pára.
É por estas e por outras que peço perdão por não me ter lembrado destas coisas mais cedo, enquanto me despedia dos meus queridos, que já partiram para enfrentar o dia novo que acordou hoje. E desejo, também, um novo dia benéfico, útil, são, bonito.
Tem um bom dia.
P.S. Tirei aquela fotografia no Acampamento, a 5 de Abril do presente ano.
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