quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007




(Algures neste Miratejo)

Some fine day when we go walking

We'll take time for idle talking

Sharing every feeling as we watch each other smile

I'll hold your hand you'll hold my hand

We'll say things we never had planned

Then we'll get to know each other in a little while

But for now ...

(Jamie Cullum, But for now)

Um beijinho*

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

(Parque da Cidade - Porto)

Abro a tampa do baú do meu ser, remexo e procuro significados, verdades, razões.
O âmago de mim está ali, mesmo ali.
Não procuro sentido, nem coerência, apesar de a considerar importante.
Procuro apenas algo que me lembre da ti, algo que traga uma memória tua.

(Tu, que entre folhagens verdes, és ramagem vermelha.)







Um beijinho*

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Folha de Outono no chão * Caracóis da minha cabeça * Três irmãos há 6 anos * Avenida 25 de Abril cheia de luz matutina * Caixa de recordações * Urso descansando pela manhã.



Vais pela rua e finges que navegas, desancorado até à alma, percorres os mares do mundo!
Hoje és um rei e finges que te entregas ao vento e à tempestade, como se fosses um vagabundo.
À aventura, sente a maresia. E a madrugada corre, deixa-te levar pelo vento quente, que se cola ao teu corpo e te embala sempre; até quereres voltar...


A fantasia tem brilhos como as estrelas. É morna e doce e apetece soltá-la a voar no mundo!


Hoje és um rei na tua caravela, a navegar num sopro de magia.
À aventura, sente a maresia. E a madrugada corre, deixa-te levar pelo vento quente, que se cola ao teu corpo e te embala sempre; até quereres voltar...

Mafalda Veiga - A Fantasia (tem brilhos como as estrelas)
Um beijinho*

sexta-feira, 30 de novembro de 2007


À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos
Um beijinho*

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ontem à noite, pedi-Lhe outra destas. E Ele não se fez esperar.

10 Quando aí estivemos, uma das nossas regras de conduta era que quem não trabalha também não tem direito a comer.

(...)

16 Que o Senhor da paz, ele próprio, vos dê a sua paz, sempre, de toda a maneira. Que o Senhor seja com todos vós.


(2 Tessalonicenses 3:10,16)





Um beijinho*

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

(Fotografa: Ana Carolina)


Ontem à noite pus-me a reflectir nas coisas da vida em vez de dormir. Tive um quebranto, fiquei surdo e mudo, tolhido de espanto mas percebi tudo. O mundo era meu, sentia-me um rei, o tempo era extenso e eu ditava a lei. Bastou dar um passo e crescer em frente, perdi toda a graça quase de repente!


Não fosse um sentido de humor apurado, que me faz viver um sonho acordado;
Não via tão claro o sentido da vida e tudo seria bem mais complicado!...


Eu era feliz, tinha os meus brinquedos. O anjo da guarda tirava-me os medos. Descobri o amor, vi nele o paraíso, mas para ser expulso às vezes pouco é preciso. Podia ter tudo do bom e do caro que nada acudia ao meu desamparo. Sou a alma do mundo mais bem informada. Quanto mais me informo mais sei que sei nada!


Não fosse um sentido de humor apurado, que me faz viver um sonho acordado;
Não via tão claro o sentido da vida e tudo seria bem mais complicado!...



Ontem à noite pus-me a reflectir nas coisas da vida em vez de dormir.





Utilidade do Humor, Clã Letra: Carlos Tê / Música: Hélder Gonçalves


Um beijinho*

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Já que se fala de livros, a Bíblia e afins, do Paulo e da Suzy



Em resposta ao desafio da quinta frase da página 161 do livro que esteja mais à mão, lançado pela Carlix, aqui fica o resultado.

Livro: Gritos contra a indiferença, Fernando Nobre

Frase: "(...) sobre o povo inocente do Iraque e o seu ditatorial governo; (...)"


O livro é uma compilação de artigos publicados por este "médico do mundo", assim como textos de conferências que tem dado nos últimos dez anos.
A frase que calhou pertence ao editorial da AMI Notícias n.º 26, intitulado "Guerras preventivas... loucura e irresponsabilidade!".

Passo o desafio a Buzz Universe, Chocolate, Desparece… , Marlon Francisco e Um Certo Azedume.


(Não quebres a corrente, caso contrário a Mariazinha aparece aos pés da tua cama com os olhos esbugalhados)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Faces


Abigail







Nádia







Yasmine







Mauro







Rute e Yasmine








Fernando









Samuel







Ana Carolina






Algumas das faces que tenho fotografado ultimamente.


Um beijinho*

segunda-feira, 15 de outubro de 2007


Do concerto...



Ana Carolina, David e Fred




Eu, Sara, Raquel, Ana Carolina, David e Fred




Sara, Raquel, Ana Carolina, Eu (estava a ralhar; sem qualquer sucesso, obviamente)



O concerto propriamente dito.


... sobraram as memórias.

Já se passou uma semana desde este acontecimento.
Foi marcante e extraordinário. Foi perfeito.
E pelo que sei, o Pai alcançou mais uma pessoa. ^^




Um beijinho*

sexta-feira, 12 de outubro de 2007


É o Concerto de Louvor que me tem preenchido os dias e tudo o resto.

Está tudo dito. Podes fugir mas não te podes esconder. E pode ser que este concerto seja mesmo o que estás a precisar (:


Um beijinho*

segunda-feira, 8 de outubro de 2007


Quando o meu olhar atravessa os vidros da janela, vê o sol e o vento ameno que temperam esta tarde de segunda-feira. Aqui, porém, chovem ideias, chovem textos, chovem vontades incontroláveis. Chovem páginas electrónicas que se abrem e se fecham, chovem dúvidas, chovem cores, chovem sonhos que se agitam, na acalmia instaurada entre tantas paredes, por a casa estar vazia.

Chovem tantos sentimentos, tão concretos e sedentos de reflexão.

E eu, desisto de tentar fazer sentido, de tentar construir frases poeticamente belas. Largo o guarda-chuva da segurança e deixo-me molhar por esta chuva de bênçãos que cai sem cessar.

Comecemos então, pelo princípio.

1. Recebi um mail, que trazia um link, que passo a copiar para
aqui. É um artigo do jornal SOL, que frisa a tentativa de reinstaurar (ou será reavivar?) as ideias Hitlerianas no ceio das escolas secundárias da Margem Sul. (o deserto, portanto). Desde o início deste ano que tenho vindo a estudar, na disciplina de psicologia, a extraordinária evolução sofrida pela espécie humana, que conseguiu sobreviver através de todos estes séculos, não com garras, nem pelo extremamente denso, nem com destreza para correr ou nadar; mas sim com o cérebro.

Será esta a mesma espécie humana que inventou a roda e a internet, e que distingue os seus semelhantes pela quantidade de melanina que as células da pele apresentam?
Será a esta a mesma espécie humana, que reconhece como sendo superiores aqueles que apresentam narizes mais afilados e olhos azuis, ou verdes?

São factos que me transcendem.

2. Através do
Histórias de Rio Maior (da Carla), fui parar ao “Portal dos Psicólogos” e andei a viajar por esse mundo até há duas horas atrás, até que desisti de tentar planear o meu futuro, pelo menos por enquanto. Afinal, essa tarefa não me compete, ainda que eu desespere por saber o que me espera daqui para diante, que queira assinalar os meus próximos passos, que me queira preparar. Tenho de continuar a assimilar que CONFIAR, é mais importante que tudo isto. (e, sobretudo, faz-me perder menos tempo.)

3. Ainda nos blogs da Carla, mas desta vez no
Metanóias, pude ver nestes posts como foi a azáfama que preencheu os jovens da minha igreja, nos dias e semanas que antecederam a segunda saga dos Concertos de Louvor. O que é ali descrito, foi organizado por eles. Este que vai acontecer dia 13 de Outubro, às 18:00h, foi organizado por um grupo completamente diferente, em que me incluo. Lembro-me perfeitamente da vontade que me saía dos poros, quando decidi colocar mãos à obra, por querer dar-Lhe aquilo que Ele merece, ainda que tenha pouco. E neste momento, não me consigo conformar com esse “pouco”. Queria poder fazer mais, cantar mais, inspirar mais. Transmitir mais, louvar melhor.

A esta altura do campeonato, em que me devia sentir tranquila e expectante, sinto-me ansiosa.
O que vale é que no sábado ainda teremos mais umas horas para aperfeiçoar o trabalho feito até aqui.

Pronto. Creio que por hoje são suficientes as “confissões”. Vou fazer qualquer coisa útil, distrair um pouco o coração.



Um beijinho*

sexta-feira, 7 de setembro de 2007



Piquenique à luz do Pôr do Sol. Água de Madeiros. Acampamento de Jovens 2007.





Desperto. Abro os olhos, ergo-me e desço da cama.
Calço os chinelos, lavo a cara. Bebo água.
Não me sinto nos meus dias.
Sei que dormi muito e bem, que sonhei sonhos com muitos sorrisos (e risos), que fui acordada em tempo incerto e inoportuno, e que iniciei a minha actividade rotineira.
O que há então, de errado em tudo isto?

O que sinto assemelha-se a um cordel de linho, que após enrolado meticulosa e cautelosamente em volta do meu peito, aperta; aperta suavemente (no inicio do seu exercício) e depois, como que não quer a coisa, vai aumentando o seu grau de intensidade e vigor, até eu não poder suportar mais este peito tão apertado.

Recordo-me então, das peripécias deste verão, das aventuras, das novas experiências, das amizades e partilhas, mas sobretudo, dos momentos de aprendizagem intensa e extrema. Recordo-me de cada “professor” e do Maior de todos eles, que tudo providencia.

E finalmente, percebo o que é que tanto me incomoda nesta manhã.

São as saudades.






(escrito mesmo agora)








Um beijinho*

quarta-feira, 22 de agosto de 2007




("A mata", como diz a prima Nádia. Porto)






Ainda não encontrei palavras suficientes para me descrever, mas acredito que o derradeiro momento esteja para breve.


Até lá, e na ausência das amigas palavras, ficam as imagens.



Um beijinho*

quinta-feira, 2 de agosto de 2007


O Teu amor, oh Senhor
Alcança o paraíso.
A Tua fidelidade estende-se ao céu.
A Tua rectidão é como as montanhas poderosas.
A Tua justiça flúi como a maré do oceano.
Eu levantarei a minha voz
Para Te adorar, meu Rei.
Encontrarei a minha força
Na sombra das Tuas asas.


(Está tudo dito. Um beijinho*)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

(Tirei esta no comboio)

Hoje a minha irmã Iara faz anos.
Nove anos.
Está na idade supostamente infantil e despreocupada, na idade em que se começa a crescer para a próxima fase, mas isso não é perceptível por ainda termos um espírito de criança.

Bem, poderíamos dizer que sim há umas gerações atrás. Não nesta.
Apesar dos seus nove anos, a Iara preocupou-se com toda a preparação da festa, desde as guloseimas que a mesa suportará, até à indumentária e respectivo calçado do dia de hoje.
Não me privou do desfile dos modelos eleitos, mas seleccionou o tal por si só; aliás, como em tudo, o que a Iara mais gosta de fazer apesar dos seus nove anitos, é tomar decisões; quaisquer umas, sejam ou não precisas.

O seu espírito de liderança inato, a sua força interior, a vontade de afirmação extrema, tudo isso já se denota, aos nove. É verdade que discordo de certas atitudes, e ralho, porque “uma menina tão inteligente não pode agir assim, não é correcto.”
É aí que me apercebo, através dos olhinhos que lacrimejam, que ela só tem nove anos; com tanta veemência até uma irmã mais velha se confunde, não?

Apercebo-me que sim, a minha bebé está a crescer a olhos vistos, mas lá por dentro, lá no fundo, é ainda uma criança, que também faz as parvoíces que não se coadunam com a maturidade que tem.

Assim, e porque hoje é dia de festa, a Andreia vai ter de ajudar e trabalhar um bocadinho (ao menos uma vez não é? x’D). Esperam-me os bolos, os doces, a limpeza e a preparação dos dois irmões para a chegada da (imensa!) família.

O tempo urge, e a mana pequena que quer ser grande pede mimos. Há que atender aos pedidos da aniversariante.


Um beijinho*

quinta-feira, 26 de julho de 2007





O POCOYO É UM MÁXIMO ! :'D




-Porque é que a felicidade espontânea é questionada tantas vezes?


-Mas isso interessa? (:






Um beijinho*

segunda-feira, 9 de julho de 2007

( Iara, a minha irmã. Tirei esta fotografia numa tarde de praia em família. É para eles que volto sempre. )



(Hoje à tarde, quando devia estar a estudar Biologia e Geologia, e estava com vontade de escrever, saiu através de mim, não sei de onde, o texto enorme que se segue. Ah, e peço perdão pela ausência, mas isto da 'escrita' é muito condicionado pelo ímpeto natural de cada um.)


Há muito, muito tempo, numa terra longínqua que ainda ninguém nomeou, existia um menino cansado de si. Cansado da sua existência, da sua aparência e das suas vivências. E por estar tão cansado de permanecer nesse estado latente e inerte que era estar cansado, decidiu reagir e viajar.
Dizia ele que o seu espírito tinha uma necessidade tremenda de mudar de ares, de vistas e mares. Assim, resoluto como ele só, fez as malas e empacotou os seus mais importantes pertences, chamou o seu pai e a sua mãe, e comunicou-lhes que partiria para longes terras, e não sabia ao certo a data do seu regresso.

O seu pai e a sua mãe, após o choque de o ouvirem falar com tanta convicção, perguntaram-lhe simplesmente se tinha todos os seus documentos em ordem e a providência necessária para a sua viagem. O pequeno anuiu, beijou a face de sua mãe, abraçou o seu pai, e partiu.

Levava consigo os documentos, no bolso dos calções coçados, o equipamento de mergulho na mochilinha e, pela mão, o Roberto, urso e fiel companheiro de todas as horas. Cruzou o portão e desceu a Rua dos Botões, que o levaria até ao rio, onde poderia apanhar o barco para o país vizinho. Andou o que pensou serem horas e horas, não foram mais que dez minutos feitos por pernitas tão jovens. Chegado ao rio, apercebeu-se da diversidade da fauna e da flora, que os ecossistemas ali presentes albergavam. Recolheu amostras nos bolsos livres e examinou as minhocas, as formigas, os botões de flores e as abelhas bem de perto, estupefacto com o tamanho do ferrão que transportavam.

Chegada a hora do almoço, lembrou-se que lhe faltava a marmita, que a sua mãe sempre tinha o cuidado de preparar para as tardes passadas no recreio, quando a sua equipa de exploradores se reunia e discutia as evidências encontradas no chão árido do pátio.
Ainda assim, não se deixou vencer, e subiu à cerejeira onde se empanturrou como nunca pudera, devido à equilibrada ementa servida na escola, e à escassez de alimento que de quando em vez existia em casa.

Ao descer da árvore, achou que devia descansar e adormeceu à sombra da frondosa cerejeira, apoiando a cabecita nas raízes e fechando os grandes olhos negros durante um período de tempo indefinido, qual caçador que após a sua caçada, recupera energias no alimento e no repouso a que o Sol convida e a sombra auxilia.

Quando acordou, o menino notou que já não havia tempo para remar até ao país vizinho, na sua embarcação, e decidiu adiar o seu projecto para o dia seguinte. Aproveitou, no entanto, o resto da tarde para mergulhar no rio, uma vez que já tinha concluído a digestão. Despiu a camisa, calçou as barbatanas e colocou o óculos e o tubo respirador, para poder observar as espécies marinhas com mais facilidade.

Bateu as pernas e rodou os braços dentro de água, movendo-se com uma facilidade admirável e perícia sem igual, enquanto pensava de si para si quão bom nadador era. Viu algas verdes e peixes cor de laranja, flores aquáticas e seixos perfeitamente polidos. Mas por se encontrar já muito cansado, saiu da água e deitou-se na relva, saboreando cada raio de sol aquecendo o seu tronco, braços, pernas, face; vendo a água evaporar. Assim que se sentiu suficientemente seco, tornou a vestir a camisa e a arrumar o seu equipamento de mergulho. Suspirou profundamente ao ver que todos os seus documentos se haviam molhado, e que os espécimens recolhidos naquela manhã também já não estavam em condições de ser examinados.

Assim, perscrutou o olhar do seu fiel Roberto e disse-lhe: “Não fiques triste com o que te vou dizer, amiguinho, mas já não sinto vontade de viajar para longes terras. Descobri que a minha própria terra foi, ainda, pouco explorada, e pretendo organizar expedições a este local para a minha equipa. Sinto que se partir já, o meu coração não ficará em paz, porque é aqui que é o seu lugar, e ele é ainda muito novo para sentir tantas saudades assim. Um dia, amiguinho, exploraremos terras longínquas, mas, por agora, voltemos para o papá e a mamã. Posso até sentir o cheiro do guisado que será o nosso jantar.”

-*-

Quinze anos se passaram, e quatro anos após atingir a maioridade, o menino que agora já era um homem, comunicou a seus pais que ansiava por desbravar novos caminhos, e por isso na tarde seguinte descolaria no avião que tinha como destino a Grécia.

O seu pai e a sua mãe trocaram um sorriso cúmplice, e o primeiro falou: “Há quinze anos, disseste exactamente o mesmo. Saíste de casa e passaste todo o dia perto do rio, brincando, correndo, comendo e dormindo, nadando e acreditando piamente que eras dono de ti. A tua mãe e eu vigiávamos-te de longe, para assegurar que estavas bem. Naquele dia rimos da tua inocência, do teu ser resoluto e decidido, como se já ali fosses o homem que és hoje, mas dentro de um corpo pequenino. Espero que nunca te esqueças do que disseste ao teu urso Roberto, que agora está no baú da cave; que o lugar do teu coração é aqui. Viaja, conhece, descobre, sê feliz. E depois de tudo isso, por favor, volta.”

Antes de dormir, o menino que agora já era um homem colocou na sua enorme Samsonite, o mesmo equipamento de mergulho e o fiel Roberto. E ao deitar-se, sorriu. Estava tudo pronto para mais uma grande viagem.

“E depois de tudo isto, de certeza, volto.”
Um beijinho*

terça-feira, 22 de maio de 2007

' Preparação para o teste de Filosofia' (era suposto estar a estudar ao invés de tirar fotografias às folhas)


A indefinição não tem de ser um aspecto negativo, necessariamente.

Quer dizer, podem existir aspectos, factos, sentires, indefinidos… correcto?

O ser humano tem uma fixação enorme pela definição exacta de todas as coisas. O espectro sonoro, a cama, uma folha, um conjunto de partículas, o amor, o respirar, os estados do ser, o movimento de uma mão, os ossos que nos erguem, tudo, tudo, tudo é susceptível, mais!, é impregnado de definições.

Era deveras fantástico se pelo menos um dia, não fosse necessário justificar o porquê do estar cosido ou frito, não fosse necessário discutir o tempo, nem definir o modo de pensar do tão referido cérebro humano.

E isto acontece porque por vezes, não existe mesmo nenhuma explicação plausível para tais factos. Às vezes é simplesmente impossível pensar em definir, e é também bastante cáustico a tentativa (nossa ou de outrem) de o fazer.

(…)

(suspiro) O poder da melancolia inesperada é tremendo.



Um beijinho*

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Fotografia tirada pela senhora Dona Sara Duarte (':

Morreu num dia de chuva.
Quer dizer, o dia após a sua morte, foi de chuva, chuva intensa.
O vento soprava zangado, sem receio de mostrar a sua fúria a toda a gente.
Eriçava os pelos, os cabelos, os guarda-chuvas que se dobravam à sua passagem, não duravam muito tempo.
E ele, morto. Sem um sopro sequer, sem um fôlego.
Os caracóis vagueavam demoradamente; espalhavam-se pelos passeios alheios, protegendo os seus corpos flácidos com a sua (tão frágil) carapaça, arriscando-se a serem pisados por um qualquer Ser Humano que apressadamente andasse.
E ele, morto. Sem dar um passo, sem se mover.
Todo o tempo se pôs triste e melancólico, chamou as nuvens, fê-las chorar, choraram muito! Espalhou no ar, um cheiro a frio, um cheiro sem vida, como ele, morto.
O tempo, que nesse dia estava particularmente cortante, fez com que os carros não intersectassem as poças à beira da estrada, fê-los ir para suas garagens, caso as tivessem.
Cessou os limpa-pára-brisas, arrumou as pessoas em casa.
Cada qual imprimia continuidade às suas vivências normais; despreocupados e descrentes num sentido de vida bem maior. Todos entretidos com o futebol, com a escola, com a casa, com os filhos, com os primos, com as contas.
Mas ele!... morto.
Morto, deixando uma família sem pai, deixando uma mulher sem amor, deixando um escritório sem empregado, deixando um lugar vazio na mesa.
Morto. Para sempre; porque não existia nenhuma maneira de o fazer ressurgir, depois de tantos copos de água e ondas electrocutantes que lhe tentaram imprimir.
A chuva ia ficando miudinha, deixando os cabelos frisados, como na parte má dos anúncios de shampôs. O vento ia acalmando seus ansiosos ataques de histeria.
Mas o ar, permanecia frio e sem vida.
Tal e qual como ele. Morto.
Sem escolher, sem querer morrer, sem saber!
Mas ainda assim; morto.

Um beijinho (e outro especial para a Margarida) *

quarta-feira, 28 de março de 2007

Foto de hoje, da minha Piek, da nossa tarde óptima! (':




Há já algum tempo que ando desleixada com os posts deste blog.
As férias são assim. As pessoas pensam que entraram num período relativamente satisfatório de descanso, mas surgem convites, responsabilidades e tarefas para cumprir de todos os lados.
Dadas estas circunstâncias, tenho dedicado o meu tempo a prazeres outrora largados, tenho despendido horas a nada fazer, tenho preenchido os meus dias com vivências enriquecedoras.

Por isso, nada de escrever nem seleccionar fotografias, expondo pedacinhos de mim.
Fica aqui uma réstia do reflexo do cansaço, depois de um dia bem vivido, como se querem todos.

Assim que a disponibilidade cerebral para estas coisas voltar, regressam também os posts minimamente decentes.



Um beijinho* (ah! E boas férias.)

sábado, 17 de março de 2007

Isto está na porta do frigorífico da minha tia Alice. É, provavelmente, obra da minha prima Ana Carolina. Eu acho que é para um anúncio de uma pasta de dentes. E vocês?








Apetece escrever.
Sim, apetece.
Apetece premir, tecla a tecla, letra a letra, aquilo que comporá as palavras, que por sua vez se irão dispor, perspectivando um texto, ou algo que se pareça com um.
Tanto apetite e tão pouco para dizer, tão pouco para exprimir, expor e fazer ouvir.

Não, não tenho histórias que fazem chorar não só as pedras, mas também os lixos da calçada, não estou a ultrapassar nenhum momento particularmente complicado (a palavra do momento, juntamente com variadas conjugações do verbo ser ou estar; mais precisamente ‘é’, ‘está’ ou ‘isto está’ e ainda ‘realmente é’).
Não constatei nenhuma realidade social que ainda não tivesse sido criticada.
Não, não tenho mesmo nada de novo que acalme, ou silencie, este apetite de escrever.

Mas, e porque existe sempre um mas, posso sempre tentar descrever um acaso mais banal, mais superficial, mais comummente apelidado de cliché, como um anoitecer.
Um pôr-do-sol, um céu estrelado, um aglomerado de constelações, uma aragem fresca a arrepiar os pelinhos da nuca quando se presenciam tantos milagres ao mesmo tempo.

É verdade, posso tentar. Mas não há palavras que me valham.

E a sede de escrever, o apetite, a vontade, permanece. Tentando conter-se, inspirando e expirando regularmente, sentadinha num cantinho do ser, intentando não se ouvir.

(Adormeceu. Agora, por favor, não façam barulho. Se ela acorda não há mais maneira de a calar.)






Um Beijinho*






terça-feira, 13 de março de 2007

Sintra


Hoje, só uma imagem.

Existem alturas em que damos férias às palavras.

*

quarta-feira, 7 de março de 2007

A Rosa


A música embalava, suave.
Fazia esquecer os erros e o cansaço de mais um dia.
A música envolvia e eliminava os ruídos exteriores das máquinas e das teclas, até ao furo no peito provocado por uma situação pendente.
Suspirou. Respirou. E desejou estar numa praia, passeando ao luar, com a aragem quentinha a percorrer-lhe cada poro e a balançar-lhe os cabelos.
Verificou as horas e apercebeu-se das inúmeras tarefas que ainda teria de cumprir antes de culminar o dia e repousar.
O piano cantava sempre os mesmos acordes, mas sabia bem ouvi-lo; sabia a maresia, a amigos e a saudades.

Atingiu o cerne da questão. As saudades. As infindáveis, as infinitas, as insolúveis saudades. Levantou-se, pegou nas chaves e na carteira e saiu. Correu ao encontro do comboio, e apanhou-o instantes depois. Ia finalmente encontrar-se com quem tanto desejava.

Consigo mesma.
.
.
Um beijinho*

domingo, 25 de fevereiro de 2007

(Sem efeitos nenhuns . E sem nome também )

Meia-noite e lua cheia.
Procuro recolher e ordenar cada retalho que deixaste no quarto.
Partiste o vaso com o cotovelo, sem querer, e desarrumaste o tapete.
Deixaste também um sorriso nos meus lábios, e um bem-estar no meu peito.
Tento repor tudo. Varro os cacos do vaso do chão, e ajeito o tapete com o pé, sacudindo-o de qualquer vestígio que lá possas ter deixado.
Os cacos foram postos no lixo e o chão do quarto já está direito, mas ainda não parei de sorrir.
Ainda não me esqueci de como te vi entrar quarto dentro, de rompante e sem pedir licença, a desarrumar tudo porque te apetecia.
Só quando partiste o meu vaso preferido sem querer, é que te ajoelhaste e pediste perdão, e desarrumaste o tapete.
Era meia-noite, e a lua estava cheia. E os teus olhos brilhavam como nunca tinha acontecido, a tua tez tinha uma textura extremamente agradável, e os teus lábios só proferiam as palavras certas nas alturas certas.

Nesse momento, só queria ajoelhar-me contigo e abraçar-te durante um período de tempo indefinido, e ficar ali, no tapete do quarto, a agradecer-Lhe ter-te inventado, enquanto te acariciava a face.
Ao invés disto, aceitei os teus pedidos, ergui-te e encaminhei-te para a porta do quarto.
Tu ainda relanceaste um olhar, e estive mesmo quase a ceder aos encantos dessas pedras jade, mas mantive-me firme e após ter fechado a porta, ainda a tranquei.

Sabia que pelo menos naquele momento, à meia-noite de lua cheia, os nossos seres não seriam tentados a avançarem para áreas que não lhes pertenciam, e manter-se-iam no seu devido local.
Resta saber se, das próximas vezes que resolveres entrar quarto adentro para tudo desarrumar a teu bel-prazer, serei capaz de me manter fiel ao espaço circunscrito ao meu ser, e trancar a porta.

Era meia-noite, e a lua estava cheia. E tão cheia como a lua, estava eu de ti. Cheia de ser forte e com vontade de enfraquecer. Sem o poder fazer.



Resto de um bom dia*

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Andreia Barreiro, Sara Duarte, Sara Gaspar, Raquel Silva



Hoje foi um dia bonito.
Aliás, é sempre bonito partilhar vivências com aqueles que amamos e que nos são próximos.
Não há muitas maneiras de descrever esta cumplicidade que temos, cada uma à sua maneira, umas com as outras. A nossa relação é extremamente completa: inclui divergências, pontos de vista partilhados, variadas experiências, quarenta e sete milhões de toneladas de respeito, e amor. Sobretudo o amor, a maior de todas as coisas.
São estas realidades, que as pessoas tomam por pequeninas, que nos preenchem até ao tutano e nos colocam um sorriso no rosto por um período de tempo indefinido.

“Será que ainda vamos estar assim quando formos velhinhas?”

Claro. Claro que quando formos velhinhas, nos vamos procurar, passar horas em transportes para nos encontrarmos, passear ao frio e tirar fotografias ao luar, sentarmo-nos numa esplanada e conversar sobre assuntos desprovidos de interesse e sobre assuntos sérios.
É claro que quando formos velhinhas ainda vamos limar as arestas umas das outras, subtil e carinhosamente, ainda nos vamos preocupar e dizer coisas que só se tornam significativas passado algum tempo.
É tudo bastante claro, porque quando estamos na presença de algo forte e puro (como o ouro), não duvidamos sequer por um momento que esse algo é eterno.

E isto, parece-me a mim que é bastante eterno. Para ficar guardado nas molduras ou numa caixinha de recordações, até depois da morte.



Um beijinho*




sábado, 17 de fevereiro de 2007

Boneca.



A sociedade de hoje descarta e desvaloriza a responsabilidade.
Destrata a palavra, invalida a honra, desconhece a confiança.
A começar naqueles que presidem a nação, e a acabar nos papás e mamãs que, ou não transmitem esses valores aos filhos, ou se comportam como se nunca lhos tivessem ensinado.
É um ciclo vicioso e negativista, que nos envolve e nos conduz a decisões desacertadas e desprovidas de reflexão.

Ponto final.





(de dia 15 de Fevereiro do presente ano)





Um Beijinho*

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Fita de Cetim


Ao conter todas as emoções numa caixa, algures no armário do meu ser, não me é licito traduzi-las; (re) expressá-las em vocábulos perceptíveis (até) à minha pessoa.
Quando tento, as palavras entalam-se na garganta, querendo sair todas de uma vez só, para que a percepção de determinadas realidades doa menos.
Não há como controlar as malandras, que instalam a balbúrdia e desordem na estrada que as conduz para o exterior, para o mundo audível ou visível em que nos encontramos.
Ao quererem tanto sair atabalhoadamente, acabam por se entalar ou atropelar, acabam por perder a paciência na tentativa frustrada que é fazerem-se ouvir; e nisto desistem.

Cada passo dado, cada hora atravessada, cada respirar, tem sido uma aprendizagem estrondosa e inesperada. Cada pequeno momento passou a ser um local de reflexão, de decisão. Passou a ser um local onde a quietude é desconhecida, pois as transformações são vulcões extremamente activos, que cospem lavas quentes e geradoras de queimaduras dilacerantes.
Depois disto, e através dos gases formados por tantas erupções, vêm as nuvens, e água que inunda, que limpa, que acalma e reage em equilíbrio com todos os compostos formados; de modo a que a lava outrora liquida e marcadamente escaldante, arrefece e solidifica. Transforma-se num solo propício a plantações de novas e frescas sementes; transfigura-se, converte-se em terreno fértil e seguro, conveniente para o amadurecimento de novas ideias e sonhos.

Dadas as circunstâncias, há que saber esperar. Esperar que a época de vulcanismo intenso atinja o seu termo, para que o meu ser repouse e amadureça tantas ideias, conceitos, constatações, sonhos, aspirações. Pode ser que nessa altura eu me dirija até ao armário secreto do meu ser, inspire bem fundo e destranque as palavras guardadas na caixa. Pode ser que as solte e as deixe correr, saltar, brincar, pular por cada recanto de mim. Com certeza que, devido ao seu carisma maroto, atrevido e verdadeiro, elas irão desarrumar a ordem em que me encontrava, partirão alguns objectos de carácter quebrável, abrirão as portas e janelas (que causarão correntes de ar, provocarão alarido e deixarão entrar o sol e o luar). Pode até ser que acordem uns quantos vulcões.

Ainda assim, no tempo certo, eu encaminharei os meus passos para essa caixa e soltarei as palavras que escondo; deixando-as fazer aquilo que lhes compete.
Quem sabe se elas não encontrão a ordem correcta para saírem de mim e se dirigirem até aos teus ouvidos, de modo a que possas escutar o que os meus olhos calam há tanto tempo; de maneira a que o meu verdadeiro sentimento se expresse sem receio de sofrer represálias, sem sentir embaraço de respirar pela existência da tua pessoa.

Quem sabe se um dia elas não falam por mim, e repetem que ainda penso em ti, que ainda me provocas desconforto, arrepios, borboletas, sorrisos, memórias, quente, frio, e tantas, tantas, tantas sensações imprecisas e controversas.

Como eu gostava de soltar já as minhas palavras, e depois soltar-me para te encontrar.





Bom resto de dia*




(Temos uma nova colaboradora)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Em Leiria, regreso do acampamento.




'E neste dia, só quero dizer que desejo que sejas feliz, que te mantenhas íntegra como até agora, e que nunca deixes que ninguém te violente a mente.'








Sim papá, também te amo.



*




sábado, 13 de janeiro de 2007

Regresso a casa, fotografia tirada de dentro do comboio, a um pormenor da estação de Aveiro, salvo erro.




Num local ruidoso e repleto de vidas, eu estou isolada.
Toda eu isolada. Excepto o meu corpo. Fiz de mim uma ilha, isolando os meus canais auditivos para o ambiente exterior.
Ouço as outras vozes, mas ninguém se esforça por se aproximar. Nem com os olhos.


Debruço-me sobre um livro e, sem qualquer espécie de aviso prévio, aprendo uma lição que me marca a alma como uma queimadura. Sei que se algum dia a minha mente não a quiser recordar, terá de enfrentar a enorme cicatriz que esta lição deixou.
Porém, não há quem se aperceba desta súbita transformação, desta revolução interior que me fez entender a maneira incorrecta e leviana com que tenho levado certas descobertas.


Alguém grita por mim, e eu respondo distante.


Comportar-me como um indivíduo socialmente inserido não é o meu objectivo momentâneo.
Agora, quero mais é mergulhar no livro que contém imensas ideias que se desencontram das minhas, mas que traduz em imagens e palavras sábias as lições que queimam.
Para eternamente.




-*-





“Levantou-se o foi até à janela do seu quarto, olhar Dublin adormecida.
Lembrou-se do pai, que costumava fazer isso quando ela acordava com medo.
A lembrança trouxe-lhe de volta uma outra cena da sua infância.

Estava na praia com o pai e ele pediu-lhe para ver se a temperatura da água estava boa. Ela tinha cinco anos e ficou contente por poder ajudar; foi até à beira da água e molhou os pés.
- Molhei os pés, está fria – dissera.
O pai pegou-a ao colo, caminhou com ela até à beira do mar e, sem qualquer aviso, atirou-a para dentro de água. Ela apanhou um susto, mas depois ficou contente com a brincadeira.
- Como é que está a água? – perguntou o pai.
- Está boa – respondeu.
- Então, daqui para a frente, quando quiseres saber alguma coisa, mergulha nela.”








Brida, Paulo Coelho (pág. 77)



Um Beijinho*