domingo, 14 de dezembro de 2014

Coisas deste Advento

Que o tempo corre desvairado já todos estamos cansados de saber. Eu, porém, não cesso de me impressionar com a maneira acelerada como os meses voam, os dias passam e Deus permite que a vida se desenrole da forma perfeita que só Ele poderia arquitectar. Por entre tropeços e cambaleios, o Seu Espírito mantém-me de pé, mostrando-me maravilhas na Sua Palavra e no mundo que Ele criou. Em baixo, três homens que Ele tem usado para renovar continuamente o meu coração. Tudo escrito às pressas, que o tempo urge.


Sei bem que este não é um bom momento para se gostar do Mark Driscoll. Este é um pastor com a ficha manchada por acusações sérias e provas dadas em público das suas dificuldades enquanto homem pecaminoso. Não obstante, não me contenho: dou graças a Deus por este homem e gosto muitíssimo de o ouvir pregar. Esta série de pregações sobre Efésios tem abanado o meu mundo, literalmente. Descobrir que tudo o que à partida me explica (nacionalidade, género, idade, gostos, personalidade, trabalho, área de estudos) é perfeitamente acessório tem sido uma coisa revolucionária. A minha definição está em Cristo. Acima de tudo, eu sou de Cristo, sou uma pessoa em Cristo. "If you know who you are then you know what to do", diz ele vezes e vezes sem conta. Ó Senhor, obrigada!


Outro senhor que aprecio sobremaneira é o Ed Motta, e este álbum de 2013 tem embalado o findar do meu 2014. É um disco de puro melaço, que só tem canções de sol, mar e romance. Já sei, já sei que nada disto é novo, que sou do mel desde pequenina e que aparento viver num constante mundo de encantamento. Quem caminha comigo por dentro sabe que não é assim tão linear... estas poesias musicadas têm trazido um sabor renovado ao meu mel característico, e isso também é um motivo de dar graças a Deus.


A fechar esta lista de senhores, Donald Miller e o seu livro "Blue like Jazz". Já foi há mais de 10 anos que ele o escreveu, mas só agora é que o estou a ter o privilégio de saborear esta obra. Gosto da forma como me conta a sua história de caminhada cristã, descomprometidamente. Não há peneiras nem máscaras no auto-retrato deste cristão, e as suas reflexões desafiam-me a continuar a perseguir um coração puro e humilde na minha caminhada com Cristo. Deixo aqui apenas um dos muitos excertos que têm feito o meu coração ressoar (como dizem aqui nesta terra nova):

"My friend Andrew the Protester believes things. Andrew goes to protests where he gets pepper-spray, and he does it because he beieves in being a voice of change. My Republican friends get frustrated when I paint Andrew as a hero, but I like Andrew becasue he actually believes things that cost him something. Even if I desagree with Andrew, I love that his beliefs are about social causes.
Andrew says it is not enough to be politically active. He says legislation will never save the world. On Saturday mornings Andrew feeds the homeless. He sets up a makeshift kitchen on a sidewalk and makes breakfast for people who live on the street. He serves coffee and sits with his homeless friends and talks and laughs, and if they want to pray he will pray with them. He's a flaming liberal, really. The thing about it is, though, Andrew believes this is what Jesus wants him to do. Andrew does not believe in empty compassion.
All great Christian leaders are simple thinkers. Andrew doesn't cloak his altruism within a trickle-down economic theory that allows him to spend fifty dollars on a round of golf to feed the economy and provide jobs for the poor. He actually believes that when Jesus says feed the poor, He means you should do this directly.
Andrew is the one who taught me that what I believe is not what I say I believe; what I believe is what I do.
I used to say that I believed it was important to tell people about Jesus, but I never did. Andrew very kindly explained that if I do not introduce people to Jesus, then I don't believe Jesus is an important person. It doesn't matter what I say. Andrew said I should not live like a politician, but like a Christiann. Like I said, Andrew is a simple thinker.

***

A friend of mine, a young pastor who recently started a church, talks to me from time to time about the face of church in America - about the postmodern church. He says the new church will be different from the old one, that we will be relevant to culture and the human struggle. I don't think any church has ever been relevant to culture, to the human struggle, unless it believed in Jesus and the power of His gospel. If the supposed new church believes in trendy music and cool web pages, then it is not relevant to culture either. It is just another tool of Satan to get people to be passionate about nothing.

***

Tony asked me one time if there was anything I would die for. I had to think about it for a long time, and even after thinking about it for a couple of days I had a short list. In the end there weren't very many principles I would die for. I would die for the gospel because I think it is the only revolucionary idea known to man. I would die for Penny, for Laura and Tony. I would die for Rick. Andrew would say that dying for something is easy because it is associated with glory. Living for something, Andrew would say, is the hard thing. Living for something extends beyond fashion, glory, or recognition. We live for what we believe, Andrew would say.
If Andrew the Protester is right, if I live what I believe, then I don't believe very many noble things. My life testifies that the first thing I believe is that I am the most important person in the world. My life testifies to this because I care more about my food and shelter and happiness than about anybody else.
I am learning to believe better things. I am learning to believe that other people exist, that fashion is not truth; rather, Jesus is the most important figure in history, the gospel is the most powerful force in the universe. I am learning not be passionate about empty things, but to cultivate passion for justice, grace, truth, and communicate the idea that Jesus likes people and even loves them" (pp. 110-112).


domingo, 30 de novembro de 2014

Oséias 11 é muita areia para a minha camioneta

"Como te deixaria, ó Efraim? 
Como te entregaria, ó Israel? 
Como te faria como Admá? 
Te poria como Zeboim? 
Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem.

Não executarei o furor da minha ira;
não voltarei para destruir a Efraim, 
porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; 
eu não entrarei na cidade."

Oséias 11:8-9

Todos quanto estudaram este texto são unânimes em afirmar que ele é um dos meus belos poemas da Bíblia hebraica. Estas quatro perguntas e quatro respostas encerram verdades poderosas capazes de mexer com o mais indiferente dos corações. O Deus justo e bom, três vezes santo e consistentemente  traído pelas Suas criaturas só tinha um remédio: exercer o juízo devido. Porém, com quatro retóricas Ele explica, de coração dilacerado (como se de um terramoto se tratasse), que não é capaz. Deus escolhe, pela enésima vez, não desistir do Seu povo querido e infiel, e não tratar a adúltera menina dos Seus olhos como os Seus inimigos. "Eu sou Deus e não homem", diz o Senhor.

Oséias 11 tem sido muito usado por Deus para desafiar a minha compreensão limitada da dimensão do Seu amor por nós, por mim. Eu só merecia que Ele me deixasse e entregasse aos meus caprichos, e no entanto Ele deu-me uma nova vida, uma nova natureza, santa como a Dele. Eu sou consistente nas falhas, e Ele é o exacto inverso - sempre misericordioso, gracioso, fiel.


"Onde encontrarei amor igual, que tal preço por minha vida tenha pago?
Como o Senhor Jesus ninguém me amou. Sublime é o amor de Jesus.

Quem é como Jesus, santo e sincero; verdadeiro, puro e abnegado? 
Resplendor de glória inigualado, sublime é o amor de Jesus.

A quem, a quem, a quem, a quem compararei Jesus e a Sua justiça?
E se somasse todas as delícias, não encontraria como Ele".



Este amor não me cabe na cabeça. 

Advento 2014

Querido Deus,

"Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo".
Afirmo a Tua omnisciência não porque Tu precises de lembretes, mas porque eu preciso.
Senhor Jesus, faz das próximas semanas um tempo de proximidade Contigo.
Firma o meu pensamento na Tua vontade, derrama o Teu gozo no meu coração, transforma o meu pensamento velho num raciocínio renovado e redimido.
Espírito Santo, faz-me tropeçar se eu depender de mim; permite-me o sucesso apenas quando fores Tu o meu sustentador.
Que a auto-bajulação seja extinta do meu âmago, e a religiosidade oca não tenha lugar aqui.
Ajuda-me a ver-Te em todos os instantes do meu dia, abre os meus olhos para aquilo que, em Cristo, me permites ser e viver.
Obrigada pela salvação. Obrigada pela Tua vida. Obrigada por teres encarnado.
Ajuda-me a ser grata e a ser fiel, não para me sentir bem, mas para Tu seres mais glorificado.
Obrigada por este tão grande amor. Em nome de Jesus, amém.
  



sábado, 8 de novembro de 2014

"Break down to build up"

One of these Sundays Miriam preached on the text of Colossians 3:20-21. Through that (and also Ephesians 6:4), she taught us that "the parent's job is to break a child's will and not their heart". I was astonished by the simplicity of the statement and the complexity of the task. I wasn't, of course, analyzing my experience as a parent, but as a babysitter and educator (that's the closest I've been to parenting).
 
How do I know what the heart and the will are when, in those crucial "parenting" moments, everything seems the same? The crying, the sobbing, the intense hurt in their eyes while the tantrums go on and on... Eventually I get exhausted and want to give up; if I kiss them and send them on their way, everything will be over and forgotten. That's the moment when our resistances are fighting, arm-wrestling, to see who bends first. As an educator, how do I know if I'm fighting and bending their will... or their heart?

On another note, why bother this much? Why care to learn what fights to pick? Why struggle to discern what is my will and what's the Lord's will? I've been learning that those are the moments when God is bending and teaching me (heaven knows how much I need to have my will broken down).

A lot of thoughts and concepts run through my mind when I'm in one of those arm-wrestling situations. Positive and negative reinforcements, communication skills, personality traits and dispositions. Context, learning and attachment styles, character, establishing limits. Mercy, grace, justice, love. UFF! If this is so hard as a part-time educator, will I ever be able to have wisdom and discernment as a parent (if I get the privilege to be one)?

(inhale, exhale)

"Children, obey your parents in everything, for this pleases the Lord. 
Fathers, do not embitter your children, or they will become discouraged." 
(Colossians 3:20-21)

"Fathers, do not exasperate your children; 
instead, bring them up in the training and instruction of the Lord." 
(Ephesians 6:4)

Breaking a child's will involves fighting good fights that will build their character when all the crying is over.
Breaking a child's heart is simply leading them to exasperation and discouragement.
Breaking a child's will is tiresome and exhausting insofar as a race, instead of a war.
Breaking a child's heart produces resentment and mistrust.
Breaking a child's will is training them to bend to the Lord and not to myself. Things are not done the way I would like to, but with humble, submissive loving hearts, as the Lord wants to.
Breaking a child's heart is sowing wounds that will yield crops of broken patterns of relating.

Breaking a child's will takes a lot of patience and waiting. But after the storm, the sweet promise of a heart build up for obedience comes true. And the best part is that all comes out of trust and consistency, instead of fear and manipulation.

The ultimate outcome is sheer love. 
Thank you Jesus.



sábado, 25 de outubro de 2014

Queluz (2)

Queluz, 28 de Agosto de 2014

Rumei ao Monte Abraão, o coração aos saltos, os olhos a conter as lágrimas. Passei Benfica, Reboleira, Amadora. E cheguei. Desci aquelas mesmas escadas sujas, passei as portas de segurança, atravessei o túnel que cheira (e desconfio que cheirará sempre) a xixi.

Tive tantas saudades.

Demorei-me no céu azul de Queluz, com as suas pontuais e perfeitas nuvens, e calcorreei as ruas que me levam ao parque, que será sempre a parte mais bonita. Sonhava com um pãozinho cheiroso na Império, e talvez um chá, ou um Compal de pêra. Que aperto no peito ao ver os cartões nas janelas, os balcões desmantelados, os canos pendentes. É tão duro encontrar estas vistas mortas, estas portas cerradas.

Porém, um pouco mais à frente, dei com a pastelaria Arcos Reais, com "fabrico próprio", e o senhor cujo nome desconheço prontamente me serviu, com alegria e vigor, um sumo "de fruta biológica" especialmente sugerido para meu exclusivo deleite: "menina, se não gostar não paga!".

Bebo enquanto escrevo e este sabor ímpar a fruta fresca e verdadeira sacia-me a fome, e imprime esperança ao meu dia. O meu coração dilacerado pela portuguesa saudades está grato, imensamente grato, pelo privilégio de tornar a casa. 

É bom saber que "por muito que as coisas mudem, há coisas que nunca mudam". E Queluz continua a ser "o melhor lugar para se viver".



sábado, 18 de outubro de 2014

Canadá

E os seus sítios bonitos que se entranham no meu coração.

 Toronto

 Bayview Ave.

 Subrisco.

 Subrisco.

 Tyndale, Ballyconnor campus.

 Gormley.

 King City

 Leslie st.

 Gormley.

 19th.

 Na quinta cujo nome não recordo.

Na quinta cujo nome não recordo.

Caras

Não os partilho muito, mas tenho muitos auto-retratos. Foi outra coisa que me aconteceu com a emigração: a vontade de registar as mudanças na minha cara, para me recordar do tempo e da graça.


Cara de expectativa: 2h antes de chegar ao meu                   Muita relva, muito amor, muito cabelo.
país e ver a minha família.                                                    (fotografia da Priscila)


 É um privilégio viver nesta casa, neste imenso jardim!      Na exaustão é ainda mais claro que é Deus
                                                                                              que faz tudo.


 A cara de agora, com muito menos cabelo.

Queridos

Nos últimos três meses tenho feito um esforço por ultrapassar a vergonha de estar sempre de telefone em riste e pedir às pessoas para tirarmos fotografias. Portanto, Agosto, Setembro e Outubro têm sido frutíferos em fotografias, graças a Deus.

 Com o primo Nuno e a tia Lu, naquela noite em que aterrei em Londres e os pude abraçar.


 Com a vovó Anita e o seu chapéu de praia, naquele dia em que ela não parava de dizer às pessoas na paragem que a neta dela a ia matando do coração.


 Com os papás e manos, no mesmo dia, em que cheguei à minha pátria e exigi ir à praia.


 Com a Inês e a Cousin, naquele dia em que fui pela primeira vez ao lindo lar da família Pires e comemos um pitéu daqueles!


 Com a minha Amora, naquele dia em que o carro não tinha gasolina nem bateria, mas mesmo assim fomos visitar a casa de campo.


 Com a Silvia e o Rodolpho, naquele dia em que eles passaram a ser a linda família Lima.


 A mamã e o irmão, naquele dia em que estavam 18º na Fonte da Telha e eram 21h.


 Os três nas palhaçadas e cantorias depois da praia.


 Com a Edite, a minha querida Edite, naquele dia em que ela não saiu da janela enquanto não deixou de me ver ir embora, e mesmo assim ainda gritava: "xau Andreia!"


 As minhas irmãs encheram o meu telefone de fotografias.


 Com a Isabel, a Ana, a Priscila e a Cousin, naquele dia em que eu estava a tentar ter uma conversa séria com um gelado de chocolate a derreter-me nas mãos.


 Com os primos Cristiana e Afonso, naquele dia em que estavamos a tentar não pensar muito que tínhamos apenas mais uns dias uns com os outros.


 Manas Pascoais a tomar conta da escola.


 Com a Mandy, a Rosemary e o Johnson. Subitamente estou cheia de amigos chineses.

 Com os Pascoais, naquele dia em que descobrimos que se pagava $7,5 para ir apanhar maçãs e por isso ficámos à porta.


Com a querida Mandy, naquele dia em que estava um calor extraordinário e os lenços eram obsoletos.

sábado, 27 de setembro de 2014

1 Ano de Canadá

Uma pergunta pode mudar uma vida. As perguntas potenciam reviravoltas tremendas, encerram em si mesmas uma abertura de infindáveis possibilidades. Todos os dias sou confrontada com perguntas, provenientes de diversas fontes. Todos os dias as pequeninas decisões aparengtemente insignificantes empurram-me numa determinada direcção, embora nesses momentos "banais" eu não esteja tão atenta a esse facto. 

Não é todos os dias que sou confrontada com grandes questões; mas recordo-me bem dos dias em que respondi a perguntas gigantes, e recordo-me bem de ver o mundo a girar tremendamente conforme as respostas.

Como aquele dia em que me foi perguntado se reconhecia que precisava do perdão de Jesus.
Ou aquele dia em que, numa sala a média-luz, Actos 1:8 exigia obediência.
Ou ainda, aquele dia em que uma família decidiu abdicar da sua privacidade, estabilidade financeira e conforto em função de mim, por amor a Cristo, e me perguntou se queria experimentar viver do outro lado do Atlântico.

Sim, não me esqueço dos destalhes, dos olhos, dos sonhos e das dores. Não me esqueço do amor de quem me deixou (e deixa) partir e do amor de quem me recebeu (e recebe). As fotografias ali em cima são separadas por um ano, e são díspares como eu sou daquela que ali sorri. Em comum, três coisas: o propósito (de estar melhor equipada para o Seu serviço), o facto de não saber rigorosamente nada do futuro, e a provisão fiel do Senhor, traduzida no amor sacrificial de cinco pessoas: Paulo, Rute, Rebeca, Salomé e Priscila.

Ó Jesus, obrigada por este ano. Obrigada por tudo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

"Mais uma voltinha, mais uma viagem"



O corpo e o coração invariavelmente desencontrados. Um lá, outro cá. E vice-versa.
As culturas, dentro da cabeça, todas mixadas.
Um viver constantemente saudoso, constantemente perplexo com as particularidades (que um dia foram banais e hoje são surpresas), constantemente curioso com a maneira intricada como os sentimentos se revolvem e resolvem.

Sobretudo, acima de tudo, uma ânsia desesperada pelo Céu. Onde todas as culturas estarão reunidas, redimidas e centradas no Criador. Onde os aviões serão obsoletos, onde o coração deixará de estar rasgado ao meio. Uma ânsia desesperada por ser inteira. 






sábado, 5 de abril de 2014

Gosto sempre, e muito,


de saber as histórias das canções. Quem as escreveu, porquê, como foi... as canções contam sempre tantas histórias, bem mais do que aquela que ouvimos.

Conhecer as histórias das canções permite-me gostar delas pelo que elas são de verdade, e não por aquilo que eu acho delas (ou que projecto nelas)... É gostar das canções profundamente, e não apenas à superfície. Falo assim de canções, de poemas, de pinturas, de livros e de pessoas. Se é para gostar, então que seja a sério.

(E é por esta canção que ando enamorada, ultimamente)


Pensando nela

Ter amigas a casar e estar longe é uma verdadeira chatice. Nem me vou pôr aqui a dissertar sobre as famigeradas dores da falta (o tema mais comum dos escritos deste blog), porque o que me incomoda hoje é mesmo o não poder estar perto dela, a celebrar esta caminhada maravilhosa, que está prestes a tomar novos contornos. Ao mesmo tempo, sinto-me tão feliz por saber que está rodeada de amigas que a mimam e que celebram com ela as coisas maravilhosas que Deus está a fazer, mesmo sabendo que às vezes essas maravilhas trazem consigo dores árduas de gerir.

Ter amigas a casar e estar longe é uma verdadeira chatice. Mas, como tenho ouvido muito boa gente recordar-me, eu não estou assim tão mal; graças a Deus pelas tecnologias que, não substituíndo (nem disfarçando) a lonjura, ao menos facilitam as comunicações. 

Querida Inês, fica aqui este abraço apertado, com beijinhos incluídos! Eu cá de longe pulo de contente e louvo ao Senhor por repetir em ti e no J. a primeira festa da Criação. Ter amigas a casar é uma bênção que me deixa de coração cheio.


quarta-feira, 5 de março de 2014

Lent 2014

Today is Ash Wednesday, the first day of Lent. I've been trying to observe this season more intentionally since last couple of years, with quite a few stumbles along the way.

In spite of the previous failures, I want to try again. I've been learning a lot about this through my catholic brothers and sisters; here are a few texts that helped me reflect on this matter:


"As adults, we might want to consider looking at Lent in a deeper way.  We are probably much more settled into our behaviors and patterns of life and sometimes giving up something is where we begin -- and end -- our reflections on Lent.  It can be tempting to say “I am giving up chocolate” or beer or even all sweets and all alcohol. But without more reflection, it can become simply a way I show God how how strong I am.  It is more about me than any conversation with God."

"So, what needs changing?
We start to come to know that by asking for help.  "Lord, help me to know what needs changing."  It is often said, "Be careful about what you ask for."  This is one of those requests that God must surely want to answer."


So... chocolate and Facebook are definitely off for the next 40 days. And I'm asking for God's help to figure out the rest of it. 


"In the end, the prayer of St. Augustine places us in the right spirit for Lent:

    O Lord, our Lord, you have created us for yourself 
    and our hearts are restless until they rest in you.

Lent is indeed how God draws us home, as individuals.  But, it is also a very communal journey.  We never journey alone, no matter how "lonely" we may feel.  We are always journeying together.  If we can experience our journey in communion with others, it makes it so much clearer that we are on a journey together.  When I can share my experience with even one other close friend, or with my regular worshiping community, I can enjoy and share the support and environment that allows grace to flourish.

Let us pray for each other on this journey, especially those who need and desire a change of heart on this pilgrimage to Easter joy." 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Processo

O início é sempre agreste; não há como evitar a sensação de que estamos esburacados. Alguma coisa muito grande foi arrancada, porque os vazios são imensos e irrevogáveis.

Volvido um tempo, as ausências passam a ser geridas como definitivas: é assim e pronto, não vale a pena bater mais no ceguinho. Não é que alguma coisa esteja lá para as cobrir; nada as faz desaparecer... é como pertencer a lado nenhum, a memórias nenhumas; a ninguém.

Mas depois


muito lentamente



mesmo devagarinho, sem se dar por nada,





 Os caminhos passam a ser mais nossos,

 Os mimos inusitados 

 têm um sabor diferente; mesmo quando não se destinam a nós.


 E, de repente, até há coisas meio parecidas àquelas da nossa terra...

As rotinas aprofundam-se, os caminhos decoram-se, as paisagens entranham-se nos olhos, nos poros...


Não é uma substituição; 
não é uma habituação. 

É um amor novo, a rodear os vazios com delícias, 
pequenas gratidões a nutrir um coração escavachado pela saudade.


Esse processo que é a Imigração.