Já é sabido que a menor ambição que tenho nesta existência é crescer. Porém, os anos e as experiências vão passando por mim, sem que possa evitá-los; cresço, e pelo caminho aproveito para aprender e apreender o que puder. E se há coisa que tenho constatado (com atroz regularidade, note-se) é que existem muitas pessoas com fobia à espera. Não só à designação mais corriqueira do termo (esperar pela sua vez, esperar que o semáforo mude de cor, esperar para pensar, esperar para falar), como também às várias esperas da sua própria vida e ainda, por incrível que pareça, fobia às esperas das vidas dos outros.
Que alguém se impaciente com a sua condição, com alguma situação que não apresenta resultados, com algum estado que não muda (apesar dos muitos esforços para que a alteração se dê), ainda compreendo; mesmo sabendo que o exercício da paciência é esse mesmo, confiar que o tempo de espera é só o necessário para que tudo ocorra no momento perfeito. Porém, verificar que essa mesma impaciência se espraia para os assuntos dos outros, para os resultados que não existem nas vidas dos outros, para as condições inalteradas há muitos anos numa vida que não é a sua… isso ainda me deixa estupefacta.
Queria apenas registar, não há espera que dure uma vida inteira, seja em nós, seja naqueles que nos rodeiam. A mudança só é tão mágica e impactante por ser inesperada e inequívoca. Assim, não há situações que precisem de ser forçadas, não há impaciência que resolva coisa nenhuma; nem há, sequer, controlo sobre a maioria das coisas sobre as quais cremos (e queremos) ter controlo.
Há sim, momentos pensados cuidadosamente, amorosamente, para tudo correr da maneira mais perfeita (é Ele que assim opera). E aos impacientes, com comichões e ganas vorazes de que tudo se precipite para ontem (que o tempo urge!), resta-lhes aprender a esperar. Resta-lhes aprender a saborear o tempo que vem antes de tudo mudar.
Porque é quando se confia que a vida se vira do avesso.