sábado, 28 de março de 2009

Apontamento (1)

No princípio é eterno. Condição estereotípica dos romances amantes. No final, é como o último traço riscado pela lapiseira na superfície folhal, é como o ponto final mais brusco que parte a ponta semi-rija. Deixa destroçada a mina de carvão fino, com múltiplos e minúsculos fragmentos sujando a brancura do imaculado papel. Para minimizar os estragos, passa-se uma brisa por cima e sopram-se os restos com o movimento da mão. Clica-se duas vezes na ponta do lápis que quis imitar a caneta e prosseguem-se os rabiscos. Até novo princípio, afigurando-se eterno, qual típico estereótipo de romances. E também de amantes.
Ao som de (clicar aqui)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Epifanias

Ultrapassados estão os tempos em que me debruçava sobre uma folha em branco e de mim jorravam sentires mil, palavras sedentas de serem escritas, de serem expressas, de serem destituídas da sua característica efémera. Nos dias que correm, quando os meus olhos se cruzam com linhas vazias ou brancos rectangulares embicam num ponto final inexpressivo ou em reticentes reticências, como se nada houvesse que despejar ali, como se a folha estivesse bem assim, isenta de registos. Assim se desencaminham os meus escritos e também se esfumam as minhas vivências no poço raso chamado memória. Absorvo que nem esponja as lições diárias, bebo da vida como me julgava incapaz de o fazer, encaixoto todas as experiências, indexo, arrumo. Não verbalizo, não anoto, não partilho.

Como uma panela larga e de pressão, cozinho um creme de legumes. Fui posta em lume brando, com água, condimentos q.b. e ingredientes fundamentais. Tamparam-me como é próprio e colocaram no conhecido local o pipo, para que, no tempo certo, se dê a total ebulição e os fumos comecem a viajar pela cozinha, e os apitos se façam soar pela casa, e os cheiros se ocupem do ar inteiro, e se termine o cozinhado desse caldo espesso e altamente nutritivo.

Não queira eu, ignorante panela larga (e ainda para mais de pressão) apressar o processo. Cozinhe, como manda o Chefe, e me resigne eu à insignificante condição de esperar que todos esses fumos se acumulem e se escapem, que todos esses apitos soem ao derredor. Não queira eu tais coisas, não obstante as comichões que já se vão fazendo sentir.

Talvez já cheire a sopinha, digo eu, que não entendo nada disto.

terça-feira, 3 de março de 2009

Música, como viver sem ela? (13)



Instrumental, como eu mais amo.
Doce e aprazível aos ouvidos, como se querem todas.
Chama-se “I’m Old Fashioned”.
Traduz-me, por isso é a minha música de hoje.


Agora dêem-me licença, que a aula de Atitudes está prestes a começar.

Um beijinho*

segunda-feira, 2 de março de 2009

Das coisas que muito me incomodam

Idealista
adj. 2 gén.,
relativo ao idealismo;
s. 2 gén.,
pessoa sectária do idealismo; fantasiador; que tende para o ideal.

Idealismo
s. m.,
atitude que consiste em subordinar o pensamento e a acção a um ideal; idealidade; fantasia; devaneio;
Filos.,
corrente de pensamento que reduz toda a existência a ideias ou considera que toda a existência se determina pela consciência, opondo-se frequentemente ao realismo, ao empirismo e ao materialismo.


Ainda não percebi bem se o devo aceitar como verdadeiro, e se sim, se com o agrado de quem recebe um elogio, ou com o descontentamento de quem é reprovado.