domingo, 21 de fevereiro de 2010

Subitamente

Eis que aquela terra volta a chamar por mim.
Como um sopro subtil, um sussurro ao coração: volta.

Quero tanto voltar, há tantas saudades para aniquilar!...





Será que posso?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Observação

(Biblioteca, 21 de Janeiro de 2010)

Era uma rapariga tão comprida, tão comprida, que tudo nela era longo. Uma cara que não terminava num queixo redondo, uns cabelos cujas pontas não terminavam nos ombros, uns braços cujas extremidades não tocavam nas ancas, e umas pernas cuja altura não se conhecia; pois a par de tudo isto, usava um comprido vestido cinza, que não permitia ver o que já se afigurava serem uns amplos tornozelos.
Comprida em todo o seu esplendor, caminhava lânguida, ou não fosse essa a básica medida do comprimento. E, como não podia deixar de ser, a comprida tristeza que carregava nos olhos cansados inundou as escadas que desceu, que nem conseguiam ser mais compridas do que ela.
Passou por aqui agora mesmo, num passinho curto.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Crónica de encantar

Aos seus olhos ele era um príncipe. Não desses encantados, que cavalgam por verdes campos em esbranquiçados cavalos, envoltos em clichés constantes. Não; para ela, ele era um homem cheio de realeza, nas feições belas, nos modos discretos, nas vestes agradáveis, nas aprazíveis formas do seu corpo inteiro. Emanava ares de príncipe, no sorriso, na voz grave, mas principalmente no trato com os demais, e na humildade com que perfumava o ar que atravessava. Ela deleitava-se com as pequeninas coisas que os enamoramentos recentes costumam agigantar, com o simples facto de se cruzarem num caminho comum, com um sorriso cúmplice trocado no meio da multidão, com palavras ditas num cordial tom… para ela, tudo eram palpitantes pinceladas num quadro cada vez mais interessante de pintar.

Aos seus olhos ela era uma princesa. Saída de um conto de fadas, em total consonância com a idealista perfeição. Tinha o rosto emoldurado por longos cachos louros, um porte bonito, vestidos rodados, sapatos de cristal, prontos a serem deixados numa escarlate escadaria. Gostava de a ver atravessar o seu caminho, graciosa. Por ser um senhor, procurava a maior descrição no modo como se perdia em observá-la. Ele deleitava-se com as típicas coisas que os enamoramentos recentes costumam agigantar, com o seu sorriso doce, e a sua larga gargalhada, com o toque delicado que conseguia deixar em tudo, mas sobretudo, com as certeiras palavras que distribuía cautelosamente, nem demais nem de menos.

Assim se viam, mutuamente, abstendo-se de confissões. Ela por receios femininos, ele por másculos cuidados, ambos pelo adoçante sabor que o platónico sentimento conferia aos seus dias.

Assim se vêem; assim ainda se vão vendo. Até quando aguentarão calando o que os olhos não cessam de gritar?


(É que já todos sabemos como isto vai terminar…)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

HAITI - Concerto


Vai ser às 20h30 do dia 14 deste mês (domingo);
Vai ser de louvor;
Vai custar 5 euros que vão ser para ajudar a atenuar o desespero de quem perdeu tudo.
Vai servir para levar esperança onde ela se extinguiu.

Vai ser em Lisboa, no CCVA de Alvalade;
Vai ser muito bom.


Vais lá estar?




As reservas são feitas aqui

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A segunda coisa mais honesta que escrevi em muitos dias:

Oh L., não sei o que fazer.

Com o tempo.
Com o medo.
Com as decisões.



(sempre a L.; até de longe, sempre a L.)