sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Observação

(Biblioteca, 21 de Janeiro de 2010)

Era uma rapariga tão comprida, tão comprida, que tudo nela era longo. Uma cara que não terminava num queixo redondo, uns cabelos cujas pontas não terminavam nos ombros, uns braços cujas extremidades não tocavam nas ancas, e umas pernas cuja altura não se conhecia; pois a par de tudo isto, usava um comprido vestido cinza, que não permitia ver o que já se afigurava serem uns amplos tornozelos.
Comprida em todo o seu esplendor, caminhava lânguida, ou não fosse essa a básica medida do comprimento. E, como não podia deixar de ser, a comprida tristeza que carregava nos olhos cansados inundou as escadas que desceu, que nem conseguiam ser mais compridas do que ela.
Passou por aqui agora mesmo, num passinho curto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sabes o quanto esperei por este post. Um dos melhores em termos de descrição.

Uma vénia minha amora*