domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bênçãos sem fim (ou: receita para ultrapassar os dias difíceis)

Quando somos crianças e, na escola ou na igreja ou em clubes desportivos, encontramos aquela amiga com quem passamos muito tempo, julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. Depois crescemos mais um pouco, e na adolescência encontramos a colega de carteira com quem não cessamos de conversar e rir, e julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. Entretanto, em intercâmbios escolares, acampamentos de verão, ou outras viagens, conhecemos alguém com quem realmente nos identificamos e partilhamos inúmeras experiências de vida, e julgamos que encontrámos a melhor amiga que algum dia viríamos a ter. E nestes julgamentos felizes, o tempo passa, as provações surgem, o amadurecimento dá-se. Ao atravessar as marés turbulentas e as vagas suaves com que somos presenteados em vida, é feita uma triagem natural do que é um julgamento bem feito e um julgamento precipitado.


em Marrocos


em Água de Madeiros


Há ainda muito que crescer, muito que caminhar, e muitas pessoas por conhecer. Mas há uma certeza funda de que eu encontrei as melhores amigas que algum dia julguei encontrar. Se me precipito ou escrevo um facto, o tempo o dirá. Por agora, o meu coração crê nisto com todas as forças que tem. E eu não cesso de Lhe agradecer por cada uma delas, pelas cores com que pintam os meus dias, pelo desafio que é chegar-lhes aos calcanhares; pela maneira como irradiam os meus dias sombrios, mesmo que nada digam. Existem, e já é o bastante

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Marcel Moldovan

Chama-se Marcel, tem apenas 4 dentes no maxilar superior e um filho. Também tem uma dívida de € 1820, por não pagar a renda de casa, uma fotografia corroída pelo muito sujo e parco tempo, olhos que se humilham a cada palavra e revistas (que nada interessam) para vender.

Interpelou-me e incitou-me a comprar uma daquelas. Disse-lhe que não queria e que não trazia dinheiro. Continuou a insistir, dizendo que não era isso que queria, uma vez que o filho precisava de um leite. Felizmente trazia um pacote na carteira e podia ajudar: sorri de contentamento e estendi-lho; exasperado esbracejou “NÃO!”, não era nada daquilo, recolhi-me envergonhada. O filho estava doente e precisava de um leite medicinal cuja embalagem (mais pequena) custa € 9.

O que é que eu faço? O que é que eu faço com o mundo, com a emigração, com a pobreza? O que é que eu faço com esta culpa, com este aperto, com esta coisa que me come por dentro e faz chorar? O que é que eu faço com o Marcel, com o filho, com as rendas, com o mau cheiro, com os seus poucos dentes, com a sua fome? Oh Deus!!!, o que é que eu faço? “Se me ajudas Deus ajuda a tua família!” – ralhei-lhe tanto por ter proferido tal chantagem! “Não é pelas obras!!!”, clamei com palavras que não estas.

Conversamos à chuva durante alguns momentos e no final fiquei com a sua morada, os registos das dívidas, o NIB e o contacto da senhoria. Despedi-me do Marcel e recolhi-me para a turbulência da minha alma. E agora? O que é que eu faço.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Reabilitação

Faltam exactamente quatro minutos para terminar um desafio que aceitei, sem pensar muito no assunto, há uma semana atrás: ficar sete dias sem frequentar quaisquer redes sociais. O pensamento que me assola é: posso prolongar o dito cujo por mais sete dias? É que esta relação com o facebook e sites afins é uma canseira e um malefício para a saúde mental.

Durante esta semana passei menos tempo no computador, deitei-me mais cedo todos os dias, concentrei-me mais nas conversas com as pessoas enquanto estava na internet, só recebi informações importantes (acerca dos amigos, seus pensares e sentires, etc.), aprofundei a leitura acerca de assuntos que considero importantes mas que “nunca tenho tempo para ler” e desliguei-me da ânsia de “partilhar” ou “gostar”, embora às vezes tivesse imensa vontade.

(o desafio já terminou há três minutos)

Se prosseguir fiel ao combinado fosse demasiado difícil, era-nos sugerida a leitura dos capítulos cinco, seis e sete do livro de Marcos. Não os li. Porém, não voltarei ao facebook sem os ler.

(o desafio já terminou há sete minutos)

Está tarde, não é? Talvez guarde para amanhã a visita ao facebook que podia fazer hoje.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vida em abundância.

“Porque vale mais um dia nos Teus átrios do que, em outra parte, mil. Preferiria estar à porta da Casa do meu Deus, a habitar nas tendas da impiedade. Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam na rectidão. Senhor dos Exércitos, bem-aventurado o homem que em Ti põe a sua confiança.” (Salmos 84:10-12)

Foi um fim-de-semana atulhado das coisas Dele, só para Ele, para trás e para diante com apenas um propósito e nada mais em mente: o trabalho do Pai. E eu podia viver assim todos os dias, sem pensar em mais nada, sem me ocupar com outra qualquer coisa; apenas embebida na Sua Palavra, estudando e dissecando o mais que posso; apenas servindo em perfeita comunhão com os que me acompanham nesta louca jornada; apenas orando e reflectindo na Sua assombrosa perfeição.

Não há nada melhor; nada.

(Ao som de clicar aqui)