quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando for velhinha direi: (2)

Tudo aconteceu num belo dia em que tinha vinte anos. Olhei e, como diria a M., vi uma luz. (pausa para rir e suspirar) Era uma luz radiante e não antes vista por aqueles lados; uma luz que, não sendo inusitada, resplandecia novidade.

Não me arrisco, de todo, a descrever os seus detalhes físicos; ainda tropeço na ausência de imagens felizes e sou descoberta, coisa que não quero. Mas ele é assim como uma torre, assim como uma nuvem, assim da cor do céu, assim como um forte, assim como um sábio, assim como uma criança, assim como um algodão, assim como… como se uma febre primaveril me assolasse e me toldasse o entendimento.

Num belo dia, em que eu tinha vinte anos, encontrámo-nos, conversámos, descobrimo-nos. As palavras eram parcas, o rubor das faces era excessivo. E, de repente, passou por nós uma (vvvvvvvvvv) rajada de vento que fez voar os dias e as partilhas e só cessou na hora da despedida. Ficaram as letras escritas num papel rasgado, os abraços tímidos e os sorrisos fugazes.

Na minha cabeça, um romance qual filme dos anos cinquenta. No mundo real, um amigo que precisa de apanhar um avião para ir para casa. São assim os amores assolapados sem razões aparentes, só porque a empatia é grande. São assim as paixonetas. Por isso é que afirmo que a minha primeira foi aos vinte anos.


(pausa para rir e suspirar)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

I Tessalonicenses 5:18

Quando algo bom acontece, inusitado ou esperado, pequeno ou grande, a minha mãe levanta os olhos e as mãos para o céu e, sorrindo, diz: “graças!”. Apercebo-me agora que é uma expressão pela qual estou apaixonada e da qual me aproprio sem notar, pois sempre que algo de agradável, bom, surpreendente acontece, na minha mente eu vejo-a, dando “graças!”. Ainda não consigo, porém, lembrar-me deste suspiro de gratidão nos momentos que me não são favoráveis. Durante as frustrações, as derrotas, o cansaço, a preguiça, só esbracejo, só resmungo. Mas não me foi dito: “em tudo dai graças”?…

Que seja assim mesmo:

Pelas coisas ruins que eu não gosto nada, “graças!”, de sorriso nos lábios, e olhos para o alto. “Graças!” pelo crescimento exponencial que elas trazem. Pelas surpresas que se encontram nesses vales sombrios e pelo raio de luz que nunca se apaga, “graças!”.

Ora, se é em tudo, é em tudo. (bela conclusão).

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

(sem título) (6)

Eis que a calmaria se instala em mim. Cessam as solicitações, os pensamentos, as conversas árduas e as músicas altissonantes. O senhor Buckley e sua guitarra sussurram-me ao ouvido. Sinto-me cheia de tantas coisas, e ainda há tanta vida para viver; há, ainda, a promessa guardada do dia de amanhã.

Reclino-me na poltrona, saboreio o hoje. Agradeço. Muito, muito, muito.

“Aleluia, aleluia. Aleluia, alelu-u-u-u-ia.” (cantamos juntos, o Jeff e eu.)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Maus costumes (?)

Deitar-me tarde por me perder em músicas bonitas tornou-se um vício.
Associar músicas bonitas a pessoas queridas tornou-se um vício.
Tomar as pessoas por queridas ao conhecê-las pouco e quere-las bem, tem sido um vício.
Conhecer pouco as pessoas, quere-las bem e apaixonar-me perdidamente pela sua personalidade simples sempre foi um vício.

Vivo num ciclo viciado, de enamoramento infantil, tão incontestável que rebenta o peito de existir em tantas quantidades.

E viver assim resulta em: uma mente cheia de sonhos, uma alma recheada de bem, e olheiras.