quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando for velhinha direi: (2)

Tudo aconteceu num belo dia em que tinha vinte anos. Olhei e, como diria a M., vi uma luz. (pausa para rir e suspirar) Era uma luz radiante e não antes vista por aqueles lados; uma luz que, não sendo inusitada, resplandecia novidade.

Não me arrisco, de todo, a descrever os seus detalhes físicos; ainda tropeço na ausência de imagens felizes e sou descoberta, coisa que não quero. Mas ele é assim como uma torre, assim como uma nuvem, assim da cor do céu, assim como um forte, assim como um sábio, assim como uma criança, assim como um algodão, assim como… como se uma febre primaveril me assolasse e me toldasse o entendimento.

Num belo dia, em que eu tinha vinte anos, encontrámo-nos, conversámos, descobrimo-nos. As palavras eram parcas, o rubor das faces era excessivo. E, de repente, passou por nós uma (vvvvvvvvvv) rajada de vento que fez voar os dias e as partilhas e só cessou na hora da despedida. Ficaram as letras escritas num papel rasgado, os abraços tímidos e os sorrisos fugazes.

Na minha cabeça, um romance qual filme dos anos cinquenta. No mundo real, um amigo que precisa de apanhar um avião para ir para casa. São assim os amores assolapados sem razões aparentes, só porque a empatia é grande. São assim as paixonetas. Por isso é que afirmo que a minha primeira foi aos vinte anos.


(pausa para rir e suspirar)

1 comentário:

Rebeca Pascoal disse...

ahahahhahah corações a flutuar neste post ♥