terça-feira, 30 de junho de 2009

Da boda, e do amor (vá...)

A humanidade tem construído várias convenções para o amor, particularmente aquele que une um casal. Dependendo dos tempos e das vontades, lá se vai caracterizando e definindo o dito cujo como mais apraz à maioria dos constituintes da sociedade. Neste tempo em que vivemos, o amor quer-se jovem e fogoso, quer-se prático e satisfatório. Quer-se louco, mas fiel, sacrificial, mas só para o outro lado. Nesta era há até quem desacredite tal sentimento, sustentando a sua inexistência, argumentando que a essência egoísta de toda a gente é incompatível com um sentir tão sublime.

Eu abstenho-me de clichés; sendo uma romântica eterna e incurável, piamente crente de que existe alguém para outro alguém (sem justificação plausível), saboreio para dentro e sorrio para fora, quando me cruzo com exemplos que comprovam esta minha ingénua predisposição. E sabe bem ver os olhos que brilham sem vergonha, os beijos que se entregam sem rodeios, as alianças que se trocam sem pudores, aos quarenta e vários anos de idade. Contra todas as convenções, contra toda a ostentação que transportámos para o século XXI, contra as expectativas da tacanhez, ser-se genuinamente feliz. E também fazer genuinamente feliz.

O amor conjugal é isso, não? Independentemente do que se escreva, se diga ou se pense. No final das contas, o saldo só é positivo quando o sentir é genuíno. E ontem, posso afirmar, mais docemente genuíno era impossível.

sábado, 27 de junho de 2009

Histórias de Arrepios

Por favor, preparem-se, espreitem e leiam com atenção.

Questiona-se a veracidade destas histórias por não serem denunciadas nem dignas de nota nos canais noticiosos. Eu cá creio que nunca fez mal a ninguém andar alerta. E onde há fumo...

Continuando assim, onde é que vamos parar?

domingo, 14 de junho de 2009

(sem título) (2)

Os olhos viajam pelo mundo que gira fora da janela. Está calor, mas o nariz funga feito louco, entupido de um misto de alergias e constipações obstinadas. O sol iniciou o processo de se pôr por trás do horizonte, a Terra tornou a girar e ninguém deu por nada (ou fui só eu?). O vento sacode os ramos das árvores raras, agora que podaram as mais antigas para renovar a terra e as vistas dos seres aqui viventes. Ouvem-se os passos dos transeuntes que cruzam o alcatrão e a calçada, ouvem-se os pneus dos carros e seus poluidores motores. As janelas são invadidas pela brisa forte, que afecta as cortinas anexadas à parede. A menina Tavares canta as suas canções novas para mim, e todas elas sabem a certo, a bom, a simples, a mágico, a bênção.

Afasto de mim a lembrança que este vento trouxe consigo, contemplo apenas este momento giratoriamente transitório… estarei aqui na próxima volta?

“Po bo pé dianti kel otu pé, ié ié.”(*)




(*) “Põe o teu pé em frente desse outro pé, ié ié”

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Música, como viver sem ela? (15)



Para hoje, os incontornáveis U2 cantam "Magnificent".
Porque as músicas feitas para O exaltar estão entre as mais bonitas.
(E quem duvida de um louvor assim?)


Um beijinho*

terça-feira, 2 de junho de 2009

Epifanias (2)

Lembro-me perfeitamente da noite em que soube ter entrado para o ensino superior. Lembro-me de ter entrado naquela que era a primeira opção do bom senso, totalmente contrária à primeira opção da vontade pura. Lembro-me de todas as borboletas que resolveram passear-se pelo meu estômago sem sobreaviso, lembro-me do brilho nos olhos do meu pai. (Acho que até então não tinha plena consciência do que esta entrada significava para ele). Lembro-me dos telefonemas das minhas tias e das suas vozes envolvendo-me num abraço forte, de expectativa, de felicitação, de força para o que aí vinha. Lembro-me da praxe; ah! Se me lembro… da praxe à qual não queria ir nem morta, da praxe que se iniciava todos os dias às sete da manhã, das rixas contra os outros cursos, do laço doloroso que se cria entre caloiros, inevitavelmente. Lembro-me da primeira vez que conversei com as pessoas que agora se afiguram marcos incontestáveis em mim, lembro-me do fascínio a cada matéria nova (que, felizmente, ainda existe) e também me lembro do confronto chocante com a expressão “bibliografia da cadeira”. Lembro-me, também muito bem, da dificuldade que senti em traduzir tudo o que se passava em mim naquela altura, de não conseguir descrever o vulcão em erupção plena, e ainda para mais catastrófica, soltando cinzas e muitas nuvens ardentes. Lembro-me de agradecer ao Pai, de forma fervorosa, esse bendito bom senso inicial, e de percepcionar, a cada dia que passava, que não podia ter entrado em sítio melhor, em curso melhor, com pessoas tão singulares. Especiais.

E só agora me apercebo de que recordo este primeiro ano com um sorriso grande, grato e contemplativo, porque ele já passou. O primeiro ano já passou, apesar de faltar ainda um mês para a conclusão do dito momento de avaliação. Agora que o Verão se impõe peremptoriamente, agora que já são combinados passeios e estudos fora das abafadas paredes da biblioteca, agora que o ritmo suaviza e o material de estudo engorda; agora já surge a consciência de como o tempo correu, veloz e sem piedade.

Até custa a crer que um já está. Como diz o bem afamado professor (rápido e sem respirar):
“Ai é tão bom já foi.”