quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mezinha

Experimentar o próprio remédio pode ser catártico e assustador em simultâneo. Observar um pacote medicamentoso e rever-se nas prescrições, nas especificações, como se aquele mínimo pedaço de papel contasse a história de vida da maleita de que se padece.

Experimentar o próprio remédio pode, ocasionalmente, despertar uma negação exacerbada da necessidade de o tomar: “eu não preciso disto”, “eu não estou doente”, “isto é para os outros, esses tantos outros, não para mim”.

É quando a sensação de descontrolo se torna mais insuportável que o habitual, quando todo o conhecimento já demonstrou “por á mais bê” que é, deveras, crucial que se experimente do próprio remédio, que se prova o sabor agridoce de ser o sujeito de tratamento, de avaliação.

Experimentar o próprio remédio pode destapar factos ocultos. Como o facto de não se crer no remédio que se prescreve.

(que raio de médico és tu?)

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho sentimentos contraditórios em relação ao facto de me rever a 100% neste post.

..carlix.. disse...

ui.