segunda-feira, 9 de junho de 2008

Dos osculos

O primeiro beijo a cair é sempre acidental. Cai como quem não quer a coisa, passa de uma boca para outra numa fracção subtil do dito segundo. Depois desse acidentalmente primeiro caem outros, tão mais certeiros, mais intencionais, mais representativos e carregados de sentidos. Caem esses doces beijos como quem quer todas as coisas, passam de uma mesma boca para outra mesma boca, espraiando-se no tempo, no espaço, na metafísica do abraço que o assiste.

Não há como entender quem com eles se aborrece, quem se irrita com tão amorosamente delicados beijos, mesmo que estes não caiam na sua boca, nem primeiro, nem depois. Esses beijos caídos por onde quer que se vá, desde de que respeitem a condição pura e verdadeira dos autênticos beijos, encerram uma magia terna, eterna. E essa não cai nunca. Paira e levita em redor dos que, primeiro ou depois, partilharam essa queda beijoqueira, e de quem se deixa aconchegar pelo abraço saboroso que ela (a magia) traz.



(Eu no fundo, no fundo, sou uma grandessíssima lamechas. Que sina esta!)

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