Quanto mais o tempo corre por mim menos sei o que dizer.
Estou bem cansada dos lugares comuns, de dizer palavras que ficam bem, porque de algum modo aliviarão o coração de quem as ouve, ou por simplesmente serem adequadas ao momento.
Quanto mais o tempo corre por mim menos sei o que dizer.
Há alturas em que me esqueço disto e não falo, disparato. Acumulo muitas palavras desnecessárias, esbanjo o tempo precioso de quem me ouve e chego ao fim com o cérebro embrulhado numa questão singular: “porque é que não ficaste de boca fechada?”
Quanto mais o tempo corre por mim menos sei o que dizer.
Então olho nos olhos, afago as mãos, oro, abraço com força, procuro estar por perto (ainda que em silêncio), leio/cito O Livro, uso de experiências mais valiosas que a minha, de metáforas preciosas que aprendi pelo caminho. E esforço-me esperançosamente por fazer a minha parte.
Quanto mais o tempo corre por mim menos sei o que dizer.
E ainda bem. “A sabedoria humana aprende muito se aprender a calar-se” (Jacques Bénigne Bossuet) e “o silêncio é um amigo que nunca trai” (Confúcio).
2 comentários:
Quero acrescentar uma citação, que na minha humilde interpretação do texto, tem tudo a ver, "Faz tudo como se alguém te contemplasse" Epicuro
Spot on. As usual.
(Desculpa, mas soa melhor que 'Em cheio'. Assim parece que estavas a tentar acertar nalguma coisa.)
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