sexta-feira, 4 de abril de 2008

Coisas de Deus

1. Estava exausta, saturada, ansiosa por chegar a casa, apesar de aí ainda me esperarem algumas tarefas. Queria muito voar até ao meu lar para poder descansar um pouco. Fecho o cacifo e, enquanto me encaminho para o portão, vou mentalizando a minha pessoa de que ainda faltam dois autocarros, que vai ser rápido e indolor. E eis que, subitamente, uma voz me sussurra ao ouvido tudo o que queria ouvir; uma voz que já não ouvia há algum tempo, e que não contava ouvir tão cedo. Uma voz amiga de um longo tempo, que me diz: “Queres boleia para casa? A minha mãe tem ali o carro.”

2. Assumi o compromisso de ajudar uma menina com algumas dificuldades na leitura e nos números. É uma menina pequena, uma menina que está ainda a começar, mas que quer melhorar. Todos os meses, três vezes por semana, dar uma mãozinha nestas matérias. Mas este mês não me dava jeito nenhum! É que tenho uma nota para subir, àquela cadeira tão característica, tão mencionada e tão mal afamada. Não é que não goste dela, mas tenho de subir a classificação da mesma para que os meus sonhos se concretizem. Por isso, este mês não me dava jeito nenhum ajudar a menina. Porém, o compromisso estava assumido; tinha de lutar pela organização das minhas horas. Quando faltam apenas 10 minutos para que a menina chegue, a sua avó telefona-me dizendo que lhe é impossível trazê-la durante o mês de Abril. Os compromissos e horários estão apertados, é um episódio excepcional, durará este mês, apenas e só. Portanto, este mês estou livre do compromisso assumido com esta menina.

3. Tinha uma viagem para fazer. Uma viagem de duas horas (ou um pouquinho mais), que envolvia comboios, autocarros, estações, gares, boleias e outras combinações que tais. Esta viagem teria um início madrugador, muito madrugador. E teria de fazê-la completamente sozinha. Não, tais eventualidades não me assustavam, mas deixavam o coração da minha progenitora num alvoroço completo até à minha chegada a um porto seguro. Ontem, recebi outro telefonema que me dizia que, se ainda quisesse, havia um lugar para mim, num transporte directo e seguro, na companhia de amigos que há muito não revia (sim, uma semana já é muito). Um lugar num carrinho que promete ser recheado de conversas e partilhas, para um acordar especial nesse porto seguro que, ainda esta noite, irei alcançar.

4. Estava deveras preocupada com o futuro. Esse que é tão inserto, tão desconhecido, tão inesperado. E eu, como sempre, exasperada por estar sempre a matutar naquilo que menos posso controlar: o que aí vem. Preocupada com as escolhas e com o desenrolar das situações mais cruciais da minha existência. E as lágrimas do desespero de ter poucas opções e poucas hipóteses já caíam, quando abri O Livro. E naquela passagem, Ele dizia-me assim:


“Não estejam com medo, tranquilizou-os Samuel. É certo que fizeram mal, mas agora a questão é estarem certos de que adoram o Senhor com verdadeiro entusiasmo e que não se desviam dele, de forma alguma. Dos outros deuses, nenhum há que possa salvar-vos. O Senhor não abandonará o seu povo escolhido; tal coisa, a suceder, seria um descrédito para o seu grande nome. Ele fez de vocês uma nação especial, para si próprio; foi essa a sua vontade. Quanto a mim, pois, longe de mim o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vocês; e hei-de continuar a ensinar-vos o que é bom e o que é recto. Confiem no Senhor e adorem-no com sinceridade; lembrem-se das coisas tremendas que fez por vocês.”


I Samuel 12:20-24

São coisas de Deus. Só d’Ele. Nenhum outro as faz assim.


P.S. A fotografia é a de um canteiro pelo qual passei, e fotografei.

1 comentário:

Anónimo disse...

Amora...Tão bonito!Deus é de facto um consolo para nós.É Aquele que nos estende a mão incondicionalmente.Está sempre lá.Como podem as pessoas não acreditarem n'Ele?Muitos acharão que o que contas são simples coisas do acaso mas eu chamo-lhe pequenos milagres e benções que Ele nos dá.

Um beijinho Amora **