sexta-feira, 18 de abril de 2008

Terapia

É raro o dia em que não me sento em frente a esta máquina para pressionar as suas teclas e escriturar. Não é que escreva lindamente, que os meus textos sejam dignos de ser lidos por tudo e todos; não é que diga alguma coisa de importante, embora, de quando em vez, lá acerte em pontos fulcrais nos meus escritos. Mas escrever, expressar-me, traduzir-me em letras e palavras e frases e linhas e textos; liberta-me. Sim, gosto de ser lida pelos demais, caso contrário não publicaria aqui as minhas exposições; mas quando escrevo, escrevo essencialmente para mim mesma (exceptuando as cartas, o meio de comunicação mais saboroso de todos os meios).

Quando escrevo, consigo discernir melhor acerca dessas realidades intra e interpessoais (como gostei desta expressão, menina das inteligências múltiplas). Consigo visualizar-me, sou capaz de entender os estados emocionais que me assolam nesse instante, em que me discorro em linhas. Gosto particularmente de escrever em folhas brancas, com canetas de pontas finas e macias, permanentes. Apraz-me desenhar cada letra, verificar que o resultado final me surpreende de alguma maneira, porque me distancio de mim ao escrever, para me re-aproximar ao compreender.

Folhas vazias e lápis e canetas e teclados e ecrãs são terapia. Debruçar-me sobre os pensamentos que voam dentro do meu crânio e apresentá-los em forma de frases é terapia. Opinar e errar e nada de importante referenciar é terapia. Rabiscar e garatujar e redigir e compor é terapia. A minha terapia.


P.S. Quando fui ao ISPA, as sombras das grades no chão da sala eram tão deliciosas que tive mesmo de as fotografar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sinto que na minha ausência (de blogues , do meu e dos que me são queridos) vejo uma nova Amora. A cada dia sinto que cada palavra tu amadurece. Gostei muito deste texto, talvez por me identificar, talvez por saber como é tão genuino aquilo que dizes.

Uma vénia.
P.S- e daqui uns dias uma carta*