segunda-feira, 13 de abril de 2009

Crenças

Estive, há uns dias, num aniversariante festejo, cruzando-me com personagens inúmeras e inesquecíveis. Um desses seres, o Y. (letra fictícia, bem se vê), marcou-me bastante. Não só a urgência de partilhar tudo no primeiro momento, oposta à discreta calmaria que dele se apoderava enquanto fumava “um pensativo” palito de nicotina, mas também a sua fisionomia reservada, cara breve e chupadinha, olhos afundados em sorridentes olheiras.

O Y. é filósofo, não desses de canudo em riste, em vias de extinção. O Y. é filósofo corriqueiramente falando, solta uma inspiração repetida quando mais se espera, revela o seu lado sensível e em contacto com o que o rodeia quando é suposto largar um cliché, desses que todos trazem no bolso e todos sentem como sendo só seus.

Não obstante tais coisas, fala de coração aberto, e disso eu gostei. Baila verdade nos seus olhos, mesmo que seja uma misteriosa e difícil verdade de conceber. Como quando ele afirmou, com um sorriso confiante, vaidoso e de quem ouve algo que já não o surpreende, depois de ouvir o célebre “tu fazes-me lembrar alguém…”: “Sim, eu sei, Ricardo Araújo Pereira!...”

E eu a pensar, a tentar descortinar, quem é que alguma vez lhe disse que ele se parecia com o Ricardo Araújo Pereira? Foram muitas pessoas e eu vejo mal? Ou foi apenas um alguém que se lembrou da péssima comparação e o Y. até gostou?...

Cada um tem as suas crenças”, já dizia o outro.

1 comentário:

Rebeca Pascoal disse...

escreves tão bem! ai..