quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Trinta e dois.

Na quietude da casa o telefone soou alto. A chamada vinha de terras da Rainha, e nem era para mim. Sem saber, falou o que era certo, e sem notar fez-se mais fulcral em mim. Esta mulher que telefona pela noite dentro é para mim um exemplo e, não sabendo, alentou-me o coração, exactamente nesta altura crítica que a casa onde o telefone toca atravessa (e eu também).

“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra. Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não dormitará. Eis que não dormitará nem dormirá aquele que guarda a Israel. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua mão direita. De dia o sol não te ferirá, nem a lua de noite. O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.”

Deixou notícias. Que está bem; que “as famílias riem, choram, e riem outra vez”; porque ultrapassaram as circunstâncias trazedoras de lágrimas, e saíram delas mais fortalecidos. Disse também que hoje se festeja um marco na história desta família. Foi há trinta e dois anos que dois adolescentes e uma criança, saídos da sua terra natal, do seu lar, da sua realidade inteira, chegaram a esta pátria lusitana, para construir uma vida a partir da ausência de tudo.

Estou aqui, rodeada de todas as regalias e confortos, como prova viva de que conseguiram. Porque assim como Ele prometeu, Ele cumpriu.

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